Antes de mais nada eu queria pedir desculpa a vocês. Essa resenha era pra ter saído ontem, mas como eu não consegui fazer mais nada ontem a não ser me debulhar em lágrimas pelo falecimento do Alan Rickman, acabou que minha análise do novo filme dos Peanuts não saiu quando deveria.
Mas a vida precisa seguir adiante e antes tarde do que mais tarde, então vamos lá!
Por incrível que possa parecer (acredite, isso nunca aconteceu), a equipe INTEIRA do Cheiro de Livro assistiu unida à pré-estreia de “Snoopy e Charlie Brown: Peanuts, O Filme” (obrigada, Nível Épico!), que aconteceu na Barra Longe-pra-Cacete da Tijuca, então você já pode se perguntar: “Por que toda essa gente já consideravelmente velha se desdobrou de forma que nunca havia acontecido antes para ir assistir um desenho?”. A resposta é bem fácil: Porque mesmo antes de ver o filme a gente já sabia que pela turma do Charlie Brown vale a pena qualquer coisa.
Isto posto, e sabendo vocês que sim havia muitas crianças sim na sessão, mas não éramos os únicos adultos fãs de Snoopy presentes, vamos ao filme. O longa, baseado nos personagens e histórias de Charles M. Schulz, não só cumpriu com todas as expectativas como, para mim, superou a maioria delas. Desculpa aí, animações de 2016, mas já começamos o ano com um candidato forte a melhor filme infantil no meu coração.
A trama é bem simples na verdade. Charlie Brown, o menino mais azarado dos quadrinhos infantis, se apaixona por uma menina ruiva que acaba de se mudar para o bairro. E Snoopy enfrenta uma vez mais o seu maior inimigo: o Barão Vermelho. Dito assim parece nada demais, mas coloque isso nas falas profundas, um tanto filosóficas e bastante reflexivas dos personagens da turma dos Peanuts e pronto. Temos um filme infantil com um roteiro pra adulto nenhum colocar defeito. Os personagens, já tão conhecidos por todos dos quadrinhos e dos desenhos animados, mantém sua aura e personalidade características. Linus, Lucy, Patty Pimentinha, Marcie, Sally, Chiqueirinho, Schroeder, todos iguaiszinhos ao que me lembrava. Linus chega até a questionar se a menina nova no bairro terá “a mente aberta para a grande abóbora”, referência que qualquer bom fã conhece. E Charlie Brown continua, é claro, a lutar contra a árvore comedora de pipas.
Charlie Brown vê na nova vizinha (por quem instantaneamente cria uma queda) uma chance de tentar ser um novo menino, de traçar uma nova história, e de não ser mais visto como perdedor, como acha que todos o enxergam. E Snoopy em sua aventura literária-imaginária enfrenta céus e terras para resgatar o seu amor. O filme dá uma lição muito importante para crianças e adultos, sobre como é importante acreditar em si e valorizar as suas próprias qualidades, além de não desistir nunca de seus objetivos, mesmo quando tudo parece fluir contra. É claro que Minduim tem a ajuda de seu melhor amigo Snoopy, e Snoopy conta com o auxílio de seu companheiro inseparável Woodstock, além da participação de todos da turma, cada um a sua maneira.
A mistura da versão super bem feita em 3D com CGI e traços dos quadrinhos é maravilhosa, e vale muito a pena pagar um pouquinho mais para ver a animação em três dimensões. A criançada adorou os flocos de neve, os rasantes de Snoopy em sua casinha e as trapalhadas de Charlie Brown e sua turma parecendo que pulavam da tela. Eu particularmente fiquei encantada com a textura perfeita de tecidos, fios de cabelo e tudo o mais que se possa detalhar.
Sempre fui uma criança muito fã de quadrinhos fofos, e os Peanuts eram aqueles personagens que me ensinaram a refletir sobre a vida antes mesmo de a vida ter se tornado pra mim assim tão complexa. Mas talvez essa seja a magia de Snoopy, esse cãozinho criado em 1950 e que insiste em ser fora da caixinha (e da casinha!): simplificar o que é complexo, complexificar o que parece simples. E nos encantar sempre, sempre!
Pra quem não perde a chance de adquirir um bom livro, a Cia das Letras lançou no fim do ano passado duas edições que contam a história desse filme maravilhoso: CHARLIE BROWN NÃO DESISTE NUNCA! e VOCÊ TEM TALENTO CHARLIE BROWN! . E não podíamos deixar passar em branco: No filme, um grande clássico da literatura mundial é o gatilho pra termos certeza que Charlie Brown é muito mais inteligente e capaz do que ele mesmo imagina!
Se ainda não viram, fiquem com o trailer dessa fofura máxima em forma de animação: