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Sobre escrever contos e alimentar monstros famintos

Papel_De_SanguefinalFoi recentemente, durante o curso que fiz com o autor Ondjaki, que descobri meu amor por contos. Eu já gostava de lê-los, mas não imaginava o quão prazeroso seria construí-los.

A gente aprende um monte de coisa ao longo dos anos em cursos literários, mas nada prepara o escritor para o campo abstrato da imaginação. Quanto mais você escreve, mais níveis você desbloqueia, e a história desperta um monstro sedento por palavras, personagens e conflitos que é quase impossível parar de alimentá-lo.

E eu acreditava que não seria capaz de escrever contos, somente romances onde eu pudesse desenvolver com parcimônia as questões que a narrativa pedisse. Até ser desafiada pelo Ondjaki a contar uma história em apenas um parágrafo.

Os exercícios do curso de contos desafiaram cada vez mais meu intelecto atrofiado pelas batatas fritas da vida, mas eu acreditei e passei a não enxergar mais o impossível. E foi me inspirando no conceito de que cada frase é um conto curto que terminei o meu trabalho de conclusão de curso, o conto “Papel de Sangue”.

Eu fiz uma sopa com os ingredientes que dispunha no momento: pressão, prazo curto, limite de espaço e pizza tamanho família infinita para o monstro faminto. O resultado foi um suspense psicológico interessante e uma metáfora do processo criativo que me ajudou inclusive a concluir outras histórias engavetadas e atividades não relacionadas à escrita.

Eu tinha medo de alimentar o monstro, porque não sabia se conseguiria parar. Então descobri que de fato não consigo parar e nem quero. Ele precisa de alimento para sobreviver. Conto ou romance, as histórias querem ser contadas. O que importa na verdade é dizer a verdade para o seu monstro. Quando você é sincero com suas histórias e a própria escrita, o monstro fica satisfeito. Não importa o tamanho da refeição.

Se você já leu Papel de sangue deve estar se perguntando “como assim dizer a verdade? Ela disse a verdade nesse conto? Então ela é louca, né?”.

E não somos todos, meu caro amigo?

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