Um Caso Perdido, Fale e Easy: Três livros abordam um crime hediondo de maneira sensível e mostram o quão forte vítimas podem se tornar.
Estupro.
Pronto, falei. Essa palavra soa como ameaça, não importa o contexto. Ela é capaz de fazer mulheres enjoarem, sentirem medo, apreensão. Em apenas sete letras, ela carrega tudo que é ruim, tudo que atormenta, tudo que mulheres querem evitar. Mas como tratar do tema na literatura jovem para ensinar que é possível sobreviver a essa terrível violência? Como criar personagens que passaram por essa situação inimaginável e saíram mais fortes, sem soar como fantasia? Tenho três exemplos de livros incríveis, diferentes e que falam ao público jovem (a qualquer público, para falar a verdade) de maneira sensível, equilibrada, porém forte.
Em “Easy”, Tammara Webber inicia o livro com uma cena de tentativa de estupro que é de embrulhar o estômago. Mas graças a um personagem que se torna muito especial – Lucas -, a protagonista do livro escapa. Mas a ameaça da violência está presente em cada virada de página e Jacqueline (a protagonista) precisa se fortalecer e, aos poucos, entender que ninguém – NINGUÉM – tem o direito de te tocar se você não quiser. No desenrolar da trama, o papel de Lucas se torna muito importante não porque ele é o “gatinho” do livro, mas porque mostra que o homem não é o inimigo, que é possível confiar em quem te quer bem, em quem te respeita.
Em “Fale!”, a protagonista não deu tanta sorte. Melinda narra o livro em primeira pessoa, mas quase não fala. Em seus diálogos introspectivos e em sua visão extremamente sensível do mundo, Melinda se torna linda aos olhos do leitor. Linda e injustiçada, machucada e, mesmo assim, incrivelmente forte. A protagonista foi estuprada e vive o terror no silêncio, sem procurar ajuda. A cada capítulo, eu quis sacudir a menina e gritar “FALA! FALA PRA ALGUÉM! ELE NÃO PODE ESCAPAR! VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA!”. E acho que a ideia de Laurie Halse Anderson era exatamente essa: mostrar como o apoio faz a diferença, mas como o medo de não tê-lo faz calar. Quantas vítimas falam o que aconteceu e são taxadas de culpadas pela violência? Manter o segredo pode ser sinônimo de manter a imagem de que nada aconteceu, mesmo quando se está quebrada por dentro. Mas ninguém merece viver assim.
Por último, destaco “Um Caso Perdido”. Aqui, não posso falar muito, pois qualquer detalhe é spoiler. O que posso dizer é que Colleen Hoover leva o leitor ao fundo do coração de uma jovem que é mais forte do que imagina, mesmo depois de ter tido o corpo e a confiança violados. E essa jornada é apaixonante, revoltante, catártica e muito bem construída.
Infelizmente, esse tipo de crime ainda é a realidade de muitas meninas e mulheres em todo o mundo. Mas elas não precisam passar pelo processo de cura sozinhas. Elas podem encontrar apoio em outras, elas podem falar o que aconteceu para que nunca mais volte a acontecer, para que não seja feito com outra. Mas para isso, é importante que quem esteja de fora ouça, entenda, apoie e – mais importante de tudo – acredite e não julgue.
Esses três livros mostram esse papel muito bem e de maneiras diferentes. E esse papel todos nós podemos interpretar. Não julgue. Acredite. Apoie. Ajude a curar. Leia e passe a mensagem positiva adiante.
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