Resenhas

Todos de pé para Perry Cook

Com Perry chorei, sorri e emoções vivi!

Eu leio muito e de tudo um pouco. De vez em quando, aparece aquele livro que toca o coração de uma forma que me faz repensar alguns “pré conceitos”. “Todos de pé para Perry Cook” (HarperCollins Brasil) é um desses.

Escrito por de Leslie Connor, o livro conta a história de um menino de onze anos que nasceu e vive em um presídio (aqueles mais “light”) com a mãe. Ou seja, ele só sai para ir à escola e tudo que conhece são esses dois estabelecimentos. Embora a mãe esteja quase em condicional, um promotor descobre a situação irregular e separa os dois, fazendo Perry ir viver em um lar adotivo (rola uns twists aqui bem complexos). Mas o menino não descansará até obter justiça pela mãe e estar de volta ao seu lado.

Parece estranho ou até impossível um menino viver em uma instituição de correção durante tanto tempo, mas a licença poética que a autora emprega aqui é necessária para contar a história que ela quer contar. É ficção e não um documentário, mas não é por isso que seja incapaz de gerar e abordar sentimentos reais.

A maioria dos capítulos, seguimos a narrativa de Perry (primeira pessoa), o que  nos possibilita entender a personalidade do menino, seus valores, seus medos, sua sensibilidade. Mas, às vezes, precisamos conhecer um pouco mais sua mãe – Jessica – e o livro nos joga para terceira pessoa. É como um breve passeio em outro momento, mas sem o total acesso à personalidade dela. E o equilíbrio entre os dois é excelente, pois nos mantém focados em Perry, mas com um pouco mais de insight sobre outros personagens.

A escrita é sensível e real e poderosa na escolha das palavras. A narrativa aborda temas como bullying, lealdade, família (se você acha que sangue é o único laço que forma uma família, SURPRESA! NÃO É!), justiça (e o que se disfarça de justiça), caráter e criação de uma forma muito bonita e muito verdadeira.

Em algumas vezes, me peguei querendo sacudir o tal promotor. Em outras, queria apertar a mão de um dos detentos – Big Ed é uma figura! – e abraçar Perry e Jessica e gritar “VOCÊS SÃO UM EXEMPLO, SEUS LINDOS!”. No livro, um personagem tem estudo, família e boas intenções, mas se apega a uma situação que lhe parece errada e causa uma complicação terrível. Tudo porque não levou em consideração o fator humano, não parou para pensar que o mundo não é feito só de certo e errado, mas de inúmeros fatores. Já Perry, que teria todas as razões para ser uma criança revoltada, esbanja empatia. Isso por si só já é uma lição!

“Todos de pé para Perry Cook” é um livro que PRECISA estar na sua lista de “livros lidos” em 2017 por várias razões, mas vou me limitar a uma só: ele nos faz questionar valores que estão em todos os jornais hoje em dia, mas que podem parecer distantes de nós. A leitura aproxima e nos ajuda a ter empatia e se queremos fazer a diferença na nossa vida, no nosso bairro, cidade, país, mundo, precisamos ter empatia e questionar o “sistema”.

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