Antes de começar a escrever tenho que avisar que se existe um tipo de texto que não gosto de ler ele é teatro. Não sei bem explicar porque, só sei que ler teatro é uma dificuldade para mim. Dito isso eu mergulhei de cabeça na leitura da clássica peça de Gianfrancesco Guarnieri “Eles não usam Black-Tie” escrita em 1958.
Sempre ouvi falar da peça, tinha uma boa ideia sobre o que ela trata e, no colégio, cheguei a ler uma cena. Com esse vago conhecimento prévio sentei com as pouco mais de 100 páginas e li de uma vez a história de Tião, Otávio e Romana. É desconcertante o quão atual é uma peça que está prestes a fazer 60 anos, ainda mais em um momento em que vemos a reforma trabalhista e o debate da reforma da previdência.
Otávio e Tião são pai e filho, ambos trabalham em um fábrica e estão em plena negociação de aumento salarial. Tião sonha em voltar para o asfalto, Otávio não tem essa aspiração. Esse embate entre os dois define suas decisões sobre a greve e é responsável pela mais importante e panfletária cena da peça. O contraste entre o individualismo e o bem comum, a necessidade de unidade para se conseguir algo quando não se tem poder, está tudo nas cenas dos dois.
“Eles Não Usam Black-Tie” é uma boa peça, com uma temática incrivelmente atual para algo que foi criado há mais de meio século – isso me deprime um pouco – e deve ser lida e relida, na verdade, queria vê-la encenada.
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