Resenhas

O Labirinto dos Espíritos

 

Carlos Ruiz Zafón conquistou meu coração de leitora com “A Sombra do Vento“. Foi desses livros que me capturaram nas primeiras linhas e que já li e reli algumas vezes. Era só o primeiro volume de uma série de quatro livros que eu acompanhei atentamente ao longo de mais de uma década. Agora com “O Labirinto dos Espíritos” ele conclui essa quadrilogia passada em uma Barcelona do pós-guerra cheia de mistérios e sombras. É outro livro viciante para os fã de Zafón.

Por mais que se afirme que se pode ler em qualquer ordem os quatro livros não recomendo começar por “O Labirinto dos Espíritos”, aqui Zafón fecha histórias e chaga até a explicar como cada livro se encaixa no todo da narrativa que bolou. O terço final do livro é um grande fechamento de tudo, as pontas de conectam e o tudo vai se encaixando com perfeição. Estou me adiantando e falando do final do livro. Deixe-me voltar ao inicio.

Como em todos os livros da série existe uma personagem principal e uma narrativa destacada que é salpicada por protagonistas dos outros livros. Todos se cruzam, interagem e participam, em alguma medida, da história. Aqui a protagonista é Alicia Gris, uma misteriosas mulher que carrega no corpo as marcas dos bombardeios a Barcelona, e que começa a investigar o desaparecimento de Mauricio Vals, ele mesmo o diretor da prisão que tanto aparece em “O Prisioneiro do Céu”. O clima e a narrativa se aproxima mais do primeiro livro, como se Zafón abrisse q fechasse sua série na mesma atmosfera, uma atmosfera de uma Barcelona lúgubre, tão distante da imagem que se tem da cidade nos dias de hoje.

A trajetória de Alicia é única e aqui, por mais que seja contra a tradução de nomes, acho que cabia ter transformado Alicia em Alice. Existem muitas conexões com o clássico de Lewis Carroll que para podem passar despercebidos para o leitor por mais que isso seja explicado. Alicia, de certa forma, cai no buraco ao seguir o coelho e vê o mundo através do espelho, é mais uma camada de referencias tão essenciais em toda a literatura de Zafón.

Não querendo dar spoilers vou apenas dizer que o todo que Alicia descobre é mais próximo de nós do que se pode imaginar, aconteceu aqui do lado, na Argentina. Essa narrativa nos lembra também que todas as ditaduras se assemelham e que não há nada mais perigoso do que não se poder acreditar em instituições, em ter pessoas no poder que governam apenas em beneficio próprio e que se veem acima da lei. Toda a série do Cemitério dos Livros Esquecidos tem esse pano de fundo que nos tempos de hoje torna-se ainda mais pertinente.

Um importante aviso aos que se aventurarem nas quase 700 páginas do livro: existem umas boas 200 delas onde é impossível colocar o livro de lado, tudo começa a acontecer em um ritmo frenético e me deixou acordada de madrugada para concluir algumas das ações. É mais ou menos no segundo terço do livro. Estejam avisados e se preparem para ter tempo de ler essa parte de uma sentada só.

Tenho que admitir que estava com saudade da escrita de Zafón e que “O Labirinto dos Espíritos” é exatamente o que eu esperava que fosse. Estou tirando os outros três livros da estante e indo reler todos, agora de uma vez só e sem hiatos de anos.

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