Lá no final dos anos 1980, em 1987, o filme “Bagdad Café”, de Percy Adlon, conquistou um enorme público ao contar a história de uma dona de casa alemã que briga com o marido e vai trabalhar numa parada de caminhão no meio do deserto nos EUA. O filme fala sobre encontrar sua própria voz depois de anos calada e presa a um casamento infeliz. Aí você está lendo essa resenha e pensando o que isso tem a ver com O Maravilhoso Bistrô Francês, de Nina George. Bom, muita coisa, a premissa dos dois é muito parecida, até a nacionalidade das protagonistas. Enquanto eu lia o livro eu lembrava do filme, com a vantagem de que o livro vai muito além ao falar sobre autodescobrimento e lembrar que nunca é tarde demais para encontrar a própria voz. Eu podia dizer que nunca é tarde demais para encontrar o amor, mas isso não é o mais importante. Ao ler o livro você percebe que o que a personagem principal precisava era se encontrar, se amar e é sobre isso que o livro fala.
A personagem principal é Marianne Messman, uma alemã casada há 41 anos com um homem horrível que nunca a amou e que ela nunca amou também. Em uma excursão a Paris, Marianne decide se matar e se joga no Sena. Acaba sendo resgatada por um mendigo e acaba em um hospital morrendo de vergonha do que fez, seu marido decide voltar para a Alemanha a deixando para trás, sem dinheiro, sem conhecidos e com muito medo. Ainda no hospital, Marianne vê um azulejo com uma bela paisagem de Kerdruc na Bretanha para onde ela foge e recomeça sua vida, trabalhando no charmoso restaurante Ar Mor, onde passa a ter contato com as pessoas mais diferentes e que a ensinam a amar a si própria e a vida.
O fio condutor é exatamente o mesmo do filme “Bagdad Café”, mas O Maravilhoso Bistrô Francês vai além ao falar sobre o quanto Marianne não gosta de si mesma, do quanto ela sempre foi infeliz e acreditava que deveria ser assim mesmo quando se estava em um casamento. O ponto mais positivo do livro é o fato de Marianne já estar com mais de 60 anos e recomeçar sua vida, se permitindo a viver uma aventura romântica como qualquer mocinha de vinte e poucos anos, que são personagens mais comuns em romances. Mas Nina George aproveita para mostrar o lado positivo ao falar também da sexualidade de Marianne. Ela vai a fundo ao discutir vários assuntos tabus e constrói uma história muito bem trabalhada ao falar sobre envelhecer.
O livro é muito atual ao mostrar todas as pessoas que trabalham e vivem ao redor do restaurante, que parecem ter uma vida perfeita. Mas Nina George nos mostra suas inseguranças, as dificuldades que elas também têm em lidar com alguns assuntos internos e o quanto a presença de Marianne entre eles é positiva. No fim Marianne se sente fortalecida por passara conviver com aquelas pessoas, mas seu carinho com elas se mostra muito importante também.
O Maravilhoso Bistrô Francês, da Editora Record e com tradução de Petê Rissati, se vende como um livro sobre uma mulher que descobre o amor, mas ele é muito mais que isso. É um manifesto sobre a importância de se descobrir, de se aceitar e se amar para poder aceitar plenamente tudo o que a vida pode oferecer.
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