O ótimo livro de estréia de Maria Dueñas retrata o protetorado espanhol no Marrocos durante a guerra civil espanhola e a segunda guerra mundial. A escrita envolvente narra a trajetória de Sira através dos anos.
“Tempo entre Costuras” além de um romance de formação é também uma novela de espionagem. Posso até dizer que é um romance de formação de espiã. Sira, nossa heroína, é uma jovem aprendiz de costureira no início da trama e por uma serie de circunstâncias acaba no Marrocos com um grande dívida. A necessidade de limpar seu nome e de sobreviver faz com que Sira se envolva em alguns esquemas ilegais para criar seu Chez Sira, um ateliê de costura para a elite do protetorado.
É quando Sira ganha um h ao final do nome que os personagens fictícios passam a cruzar com importantes personagens históricos. É nesse momento também que somos lembrados do papel da península Ibérica durante a Segunda Guerra. Portugal e Espanha ficaram infestados de espiões tanto Aliados quanto do Eixo, uma situação que poderia gerar muitas histórias. Aqui Dueñas explora a situação de Portugal com uma ida de Sira a Lisboa. Essa passagem me fez lembrar de outro bom livro que fala sobre o mesmo período, o muito bom “Enquanto o Ditador Dormia”.
Voltando as costura de Sira, o livro ganha outro ritmo depois que o ateliê se muda para Madri e a trama de espionagem se intensifica. É verdade que muitas histórias e ainda mais personagens secundários são simplesmente esquecidos, isso deixa o leitor com um gostinho de quero mais. Isso é um problema, mas acho que mais grave é o fato de que o livro acaba em um momento quente da história. Entendo que Dueñas termina o livro em um momento em que Sira toma as rédeas de sua vida, mas ela escreveu algo mais do que simplesmente um romance de formação e ela parece não perceber isso.
“Tempo Entre Costuras” é um ótimo livro, envolvente mesmo, mas ao deixar algumas histórias incompletas e não desenvolver mais a trama de espionagem tira um pouco o brilho do livro.
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