Resenhas

A garota do lago que queria ser Laura Palmer

“A Garota do Lago” (de Charlie Donlea, traduzido por Carlos Szlak e publicado no Brasil pela Faro Editorial) tem lugar cativo no topo da lista dos mais vendidos faz tempo. Isso me deixou curiosa, já que o thriller no nosso país não é um dos gêneros mais lidos. Claro que temos autores que vendem bem assim como títulos pontuais, mas nada como é nos EUA, por exemplo. Acho que não ter tanta fé na polícia acaba refletindo no nosso gosto literário.

Enfim, o primeiro romance do americano estava lá faz tempo, com aquela capa que me faz lembrar automaticamente de Laura Palmer em Twin Peaks (se você nasceu depois da década de 1980, favor buscar o fenômeno televisivo Twin Peaks no Google. Grata) e acabei pegando para ler. Assim que cheguei no caixa da livraria, entendi uma das razões para tantos exemplares vendidos: de trinta e poucos Reais, o livro estava saindo por uns onze. O segundo motivo vi nas páginas do livro: a gramatura é tão grossa que um livro de 245 páginas (mais ou menos) parece ter umas 400. Então, o leitor desavisado pega um livro grosso, barato e pensa “nossa, que super negócio estou fazendo”. Boa jogada, Faro.

Então sentei e comecei a ler. Não vou entrar em más-escolhas de tradução porque, por mais que estivessem presentes, não chegam a ferir a narrativa. Eu sou uma leitora extremamente exigente, então eu notei. Mas não é nada que vá estragar a história ou a experiência de lê-la.    

Lembram da Laura Palmer que citei antes? Aqui, nossa vítima chama Becca Eckerley, uma estudante de Direito que é brutalmente assassinada no primeiro capítulo do livro. Pronto! O leitor está fisgado! Então, nos próximos capítulos, seguimos outra personagem feminina chamada Kelsey Castle (cacofonia ruim, né?), uma jornalista investigativa que vai até Summit Lake – título original do livro e local onde acontece o homicídio – para fazer um artigo sobre o tal crime. Mas Kelsey está voltando de uma licença e tem seus próprios traumas para enfrentar.

Detalhe: o livro se passa em 2011 … ainda tínhamos revistas investigativas? Forçando um cadinho a barra aqui, hein Charlie.

E na boa, Becca e Kelsey? Faltava só uma Kimberly pra completar o trio, né?

Então “A Garota do Lago” passa a ter um capítulo no presente, seguindo Kelsey e sua investigação e um no passado, vários meses antes do crime, seguindo a vida de Becca. Esse estilo de narrativa é excelente para prender a atenção do leitor, pois apresenta os desafios para descobrir quem matou Becca e por que vários fatos estão sendo encobertos, e quem são as pessoas no passado da vítima que poderiam ter cometido o crime (porque sim, ela conhecia seu assassino).

Li o livro em duas sentadas e… me decepcionei. Embora estivesse curiosa, já tinha matado o final no início do livro. Como jornalista, vi vários erros sendo cometidos pela protagonista (que é repetidamente chamada de excelente e não, não é). E algumas cenas foram tão forçadas que exclamei “AH, MENTIRA!” no meio da leitura.

“A Garota do Lago” é o primeiro romance de Charlie Donlea e sendo o primeiro, é legal e um bom livro para quem não está acostumado a ler thrillers e quer começar a entender como esse gênero funciona. Mas não é nem de longe um livro sensacional. Manteve minha atenção porque sou curiosa, mas não porque estava movida pela leitura.

E você, já leu? Conta aí o que achou.

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