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O som do rugido da onça

No século XIX Marius e Spix vieram em missão para o Brasil para registrar o exotismo do país. Mais de três anos depois voltaram apara a Alemanha com relatos de viagens, espécies da fauna e da flora e dois indígenas, um menino e uma menina. É em cima desses fatos que Micheliny Verunschk tece sua narrativa, batiza de Iñe-e e Juri os indígenas arrancados do Brasil e levados para a Europa e a história para falar de nós como nação.

“O Som do Rugido da Onça” não é uma leitura fácil, a narrativa é atemporal, não no sentido de que não há um tempo definido e sim no sentido em que ela migra de um tempo para o outro em todo o instante. Uma hora estamos no século XIX, na outra estamos no século XXI e tudo conversa entre si articulando um quebra-cabeça narrativo que fala mais sobre como nós brasileiros sabemos pouco sobre os povos nativos até hoje.

A autora contou que as gravuras das crianças indígenas a assombraram como a personagem do livro. O assombro foi tamanho que ela ia com frequência visitar a exposição permanente no Itaú Cultural onde elas estão. Micheliny foi em busca da história dessas crianças arrancadas de sua terra e teve muita dificuldade de encontrar material sobre elas, registros ou estudos. Isso diz bastante sobre como nós como país lidamos com a nossa história.

Toda a criação do mundo pela visão do povo Miranha, de onde vem a protagonista Iñe-e, acrescenta ao livro uma camada de místico, de mundo das crenças que amarra o todo. Faz isso afrontando o leitor com todo o seu desconhecimento sobre o que existia aqui antes que europeus invadissem essas terras. A falta de reconhecimento de que toda essa cultura de diversos povos nativos também contribuíram e muito para a nossa formação e a negligencia que temos com todos esses povos até os dias de hoje permeia todo o livro.

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