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A Maldição do Tigre

Índia. Circo. Um homem que se transforma em tigre. Só essa pequena lista seria suficiente para me fazer passar bem longe de “A Maldição do Tigre” (Ed. Arqueiro). Mas como ganhei o livro – que é lindo, por sinal – e ouvi muitos elogios, resolvi me aventurar.

“A Maldição do Tigre” conta a história de Kelsey Hayes, uma jovem órfã que adora seus pais e irmãos adotivos, que usa fitas coloridas no cabelo porque as faz lembrar da mãe, e não dorme sem a colcha de retalhos feita pela avó. Ao procurar um trabalho temporário de verão, Kelsey vai parar no circo que está na cidade. Seus afazeres incluem vender ingressos, algodão-doce e souvenirs, limpeza e tomar conta dos animais, entre os quais está o lindo e profundamente entediado tigre branco Dhiren. Inexplicavelmente, Kelsey se identifica com o animal e passa seu tempo livre com ele: apelida o animal de Ren, lê poesia e Shakespeare para ele.

O mistério – que não é mistério – é que Ren na verdade é um príncipe indiano chamado Alagan Dhiren Rajaram, amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos. Obviamente, Kelsey é a única que pode ajudá-lo a quebrar esse feitiço e, sem saber exatamente disso, embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre quanto pelo homem.

Escrito pela estreante Colleen Houck, “A Maldição do Tigre” surgiu depois da autora ter terminado de ler “Eclipse”, de Stephenie Meyer, e ter se sentido órfã. Segundo a própria autora, em entrevista que pode ser vista no site da Ed. Arqueiro, ela fez uma lista de coisas que gostaria de ler em uma saga e decidiu escrever a sua. Tamanha determinação e atitude são dignas de aplausos. Pena que nem tudo no livro é.

Vamos começar pela parte boa: Ren (o príncipe, não o tigre) é um encanto! Cavalheiro que só ele, Ren conquista facilmente as leitoras e em duas páginas, a protagonista também. Aliás, qual a mania de descreverem os caras gatos como saídos das páginas de “Sabrina” ou “Jessica”? Coisas como “seu peito músculo e braços torneados me envolveram”. CRUZES! Mas, mesmo assim, Ren é um queridão!

Outro ponto forte da narrativa de Houck é relacionado aos temperos, cores e lugares da Índia. Sua narrativa tem até um certo charme exótico e dá vontade de saber mais, de conhecer os locais descritos.

Em termos de protagonista, Kelsey começa muito bem, legal e nada lerda, como certas protagonistas. Mas logo, logo ela fica legal demais e irrita. E adivinhem quantos gatinhos – dessa vez, literalmente – estão na história? DOIS! Sim, Ren tem um irmão que não é lá tão do bem assim. Alguém falou Salvatore? Pois é.

Vale destacar que o melhor personagem é um shamã muito loco que aparece lá pelo meio do livro. Uma figura!

E o circo? Praticamente o Cirque Du Soleil! Depois de ler “Água para Elefantes”, sempre penso em circos como algo meio caído (tirando o “Circo da Noite”, claro), meio pobre e repleto de rivalidades escondidas. Mas o que Kelsey integra serve cheesecake, macarronadas fartas e todo mundo é hypersupergentil.

Ah, temos também o momento “maldição à prestações”. Ren só pode assumir a forma humana durante 24 minutos por dia, mas não precisam ser corridos. Então rola muita matemática e momentos Thunder Cats, sabe? Chaaaato.

Com tudo isso, não desgrudei do livro. Por mais que tenham zilhões de clichês e que a aventura de Kelsey e Ren mais pareça RPG – pela quantidade de artefatos mágicos e locais que precisam ir -, “A Maldição do Tigre” tem um tom original escondido que mantém o leitor preso. Valeu muito a leitura.

Detalhe importante: “A Maldição do Tigre” é o primeiro volume de uma saga de cinco volumes. E aí? Vai encarar?

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4 thoughts on “A Maldição do Tigre
  1. Primeira vez que visito e digo que gostei muito do texto do blogueiro. Sincero, ácido, sarcástico… muito bacana. =D

    A respeito do livro, já li e gostei. Tem lá seus clichês, mas a história sendo ambientada longe da “perfeita terra americana” fica diferente e são apresentadas várias paisagens da Índias, histórias e mitos da cultura bem interessantes, que eu nunca tinha ouvido falar.

    Indicaria a leitura.

    Bjs

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