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Duna

Está chegando a hora. Semana que vem teremos nos cinemas a mais nova adaptação do clássico de Frank Herbert, Duna – livro que, imaginem só, já foi considerado impublicável, e que se tornou um marco ao misturar temas como ecologia, religião e política.

Frank Herbert ainda lutava para se firmar como escritor, e acumulava dívidas e rejeições. Em 1957, se interessou por um projeto par combater a desertificação na costa do estado americano de Oregon. Tentou oferecer uma reportagem para revistas e jornais, sem sucesso. Mas foi o ponto de partida para uma extensa pesquisa que tomaria os seis anos seguintes da vida dele. Herbert estudou os desertos e os povos que vivem neles. História, política, culturas, religiões – principalmente a cultura árabe. Juntou elementos da História como T. E. Lawrence, o Lawrence da Árábia – que ajudou a unificar grupos árabes contra o Império Otomano na Primeira Guerra Mundial. 

Frank Herbert e Beverly em casa, ilustrações de Duna ao fundo

Imaginou um mundo desértico, mas que produz uma droga vital para o Império Galáctico – e por isso, o planeta Arrakis – apelidado de Duna – é disputado por famílias nobres rivais. O Imperador concede a contragosto a administração do planeta ao Duque Leto Atreides, mas nos bastidores trama para devolver Arrakis à brutal família Harkonnen. É um complexo jogo de intrigas que envolve ainda a Irmandade Bene Gesserit – uma organização religiosa que planeja a produção de um messias para liderar o Império. E Paul, filho do Duque Leto, pode ser esse messias. Mas antes, terá que buscar a ajuda do povo do deserto – os Fremen – para derrotar os Harkonnen.

É um universo detalhado e rico, mas tão complexo que Herbert teve dificuldades para publicar a história. Saiu em capítulos a partir de 1963 na revista de ficção científica Analog. Mas a edição em livro demorou mais dois anos. As editoras consideravam o livro muito longo, difícil de entender. Quem se interessou finalmente foi uma editora de manuais de manutenção de carros! A tiragem foi pequena, as vendas lentas, até que ganhou os prêmios Hugo e o Nebula. Quando Herbert resolveu continuar a história, mais dificuldades: John W. Campbell, editor da Analog, recusou Messias de Duna. É que Campbell se interessava por narrativas heróicas, e em Messias Herbert derrubava Paul do pedestal – ele se isolava no poder, alvo de manipulações de todos os lados, estava longe de ser o salvador que se imaginava. É que Herbert sempre desconfiava da devoção cega a líderes carismáticos, que via como um caminho perigoso para o autoritarismo. Mas a saga continuou, e o terceiro volume, Filhos de Duna, em 1976, foi o primeiro livro de ficção científica a entrar para as listas de best-sellers.

A série foi um marco, e espalhou sua influência em muito do que veio depois – principalmente Star Wars. (Herbert e outros escritores chegaram a se juntar informalmente como A Sociedade Daqueles Importantes Demais para Processar George Lucas…)

Herbert morreu em 1986, depois de publicar o sexto volume da série – que vem sendo continuada pelo filho Brian. As tentativas de filmar Duna vão de Alejandro Jodorowsky (que não saiu do papel, mas teve grandes artistas fantásticos envolvidos no desenvolvimento), do fracasso cult de David Lynch (1984), a uma versão correta mas sem brilho do Sci-Fi Channel em 2000.

John Schoenherr definiu o visual de Duna nos anos 1960/70

Agora está nas mãos mais do que competentes de Denis Villeneuve, de A Chegada e Blade Runner 2049. Mas tem um pequeno problema: o filme que vamos ver agora é só a primeira parte, e a Warner ainda não deu o sinal verde para a segunda. Pode ser que tudo dependa da bilheteria e do desempenho no HBO Max – uma interrogação forte para um investimento que pode ser alto demais no mundo pós pandemia…

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