Sinceramente, eu nem sei por onde começar essa resenha. Eu acabei de ler um livro de mais de 500 páginas em pouco mais de dois dias e … não tô bem. Não foi uma leitura corrida, não foi uma leitura sem atenção … foi uma leitura que me salvou. Ler Carina Rissi, pra mim, é um bálsamo: ela cura o que você não sabia que estava doendo e faz acordar o que você precisa para melhorar. E “Amor sob encomenda” me salvou em um momento muito complexo.
Eu amo tudo que a Carina escreve, tudo mesmo. Adoro suas heroínas atrapalhadas, de coração imenso e cheias de humor. Sou apaixonada por seus heróis imperfeitos e de tirar o fôlego. Sou movida ao angst que ela coloca em todos os livros: aquelas situações em que nós leitores sabemos que os protagonistas estão completamente caidinhos um pelo outro, mas eles teimam em se manter distantes. E eu adoro a estrutura da narrativa da Carina: primeira pessoa que me faz querer ser amiga de todas as protagonistas e coadjuvantes, e com aquela fórmula que nos leva desde conhecer os personagens, a chorar com o desespero do conflito e sorrir com o final feliz.
Mas em “Amor sob encomenda”, Carina levou tudo isso ao próximo nível. Ele é o livro mais recente na série contemporânea dela, que tem livros como “Procura-se um marido”, “Mentira Perfeita” e até “No mundo da Luna”, que não é da mesma série, mas por ser do mesmo tempo, os personagens se encontram por aqui. E sim, é in-crí-vel (como diria Camila, uma das novas personagens). Ah, e eu disse série contemporânea porque a Carina tem a melhor série de época do Brasil chamada “Perdida” .
Como disse, em “Amor sob encomenda” ela consegue linkar todos os seus livros contemporâneos de um jeitinho muito único, o que é muito bonito e nada fácil de ser feito. Mas além disso e do fato dos protagonistas Mel e Nicolas serem completamente sensacionais, o que me deixou de boca aberta nesse livro – o mais longo de sua carreira – é que ele foi reescrito pela autora algumas vezes, foi o que mais deu trabalho e, consequentemente, o mais trabalhado. Pera … estou me expressando mal. Não quero dizer que os livros anteriores não são bem trabalhos, muito, mas muito pelo contrário mesmo! Tudo que a Carina Rissi escreve é muito redondinho, sem pontas abertas ou falhas e com cada página essencial para aquela história. O que quero dizer é que a história da Mel e do Nicolas é bem complexa. Vou explicar aqui com mais detalhes, mas sem spoilers.
Mel é uma produtora de eventos incrível e que pensa em todos os detalhes possíveis de todos os eventos que faz, seja um jantar para 30 pessoas ou um casamento para 500. Workaholic nata, ela divide o apartamento com sua melhor amiga e é a única fonte de renda da sua família, sendo responsável pelo tratamento médico da mãe. Nicolas, por sua vez, trabalha com tecnologia, é primo de Max e Marcus – protagonistas de “Procura-se um marido” e “Mentira Perfeita”, respectivamente – e tem uma vida agitada e tão complicada na parte de trabalho quanto Mel. Ah, e quando o livro começa, Mel está namorando Fred sem saber que ele tem outra mulher em sua vida e que é o casamento dele com “a outra” que Mel vai ter que produzir se quiser manter o emprego. Outro rolo acontece e Mel e Nicolas acabam dividindo um apartamento, o que é fato que vai ser estopim para outras situações complicadas (e sapecas!).
Só que os rolos pessoais e profissionais tanto de Mel quanto de Nicolas são complexos, interligados em pontos e os dois têm algumas barreiras que precisam lidar. E é isso que quero dizer com o livro ter sido absurdamente bem escrito: as mais de 500 páginas de “Amor sob encomenda” não são apenas sobre uma mulher encontrando o amor de sua vida. Elas falam sobre lidar com responsabilidades e também saber identificar quando o peso do passado não é nosso para ser carregado. Elas falam sobre amizade, lealdade, confiança. Elas falam sobre conhecer a nós mesmos, entender e estarmos à vontade com quem somos antes de abrir a porta do coração para outra pessoa. Elas falam sobre oportunidades, escolhas, medos e apoio incondicional de quem amamos. E se tudo isso não são facetas do amor – além dos beijos, claro -, não sei o que é.
Em suma, Carina Rissi suou dobrado para nos entregar “Amor sob encomenda”, mas valeu cada noite mal dormida, cada ataque de nervosismo que sei que ela teve. Porque todos temos, todos somos um pouco Mel, um pouco Nicolas. E, no fim do dia, todos queremos amar e ser amados.
Se você não leu nada da Carina, comece agora porque sua vida vai ser melhor. Prometo. E se você não leu nenhum contemporâneo dela, não tem problema: eles estão ligados, mas não precisam ser lidos na ordem. Escolha com base na sinopse – são todas incríveis – e vá ser feliz. Porque ler Carina Rissi é isso: entender que a vida não é perfeita, mas é boa demais e sim, tudo vai ficar bem.
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