O escritor inglês Ken Follett fez seu nome na literatura com seus livros de espionagem na Segunda Guerra Mundial, “As Espiãs do Dia D” é mais um desses livros. O que o diferencia dos demais é que aqui Follett fala da importância das mulheres no combate ao nazismo na Europa. Ele pega um fato real, mulheres inglesas usadas como espiãs na guerra, e cria uma missão comandada por Felicity Clairet para a destruição de uma central de comunicação pouco antes do Dia D.
Felicity Clairet ou Flick é uma espiã inglesa que trabalha junto a resistência francesa, sua missão é destruir uma das principais centrais de comunicação nazista na França. A primeira tentativa é um grande fracasso, com a Gestapo matando ou prendendo boa parte dos envolvidos no ataque. Flick volta para a Inglaterra e elabora um novo plano para a destruição da central de comunicação, dessa vez será uma equipe só de mulheres e não existe mais espaço para o erro.
Flick é uma dessas personagens femininas que Follett constrói tão bem, é forte e delicada ao mesmo tempo, é decidida e enfrenta a desconfiança masculina com brio. O problema é que ele carregou um pouco na cores aqui, Flick passou a ser a super espiã, passou a ser quase o James Bond, ela consegue escapar das maiores enrascadas ao longo do livro porque tem um senso de perigo muito acima do normal, tão acima que chega a ser mais do que inverossímil. Se já não bastasse esse super poder ela tem uma falta de habilidade em lidar com as pessoas que não condiz com a super espiã que é, suas explosões com superiores e até com os membros de sua própria equipe não se encaixa no perfil calculista que ela tem na missão. É um personagem estranha e não de uma boa forma. A equipe de seis mulheres montada por Flick é só de novatas e, logo de cara, se percebe que todas são descartáveis. Aqui vai um semi spoiler, nem todas sobrevivem e é possível perceber com facilidade quem vai viver para ver a derrota do nazismo.
O livro começa com um ritmo meio meia boca, arrastado, toda a formação e treinamento da equipe poderia se resumir a algumas páginas ao invés de capítulos. A história começa a fascinar mesmo quando a missão começa, é nesse momento que o estratagema de intercalar capítulos mostrando Flick e os mostrando os movimentos de Dieter Franck, agente da inteligencia do exercito que quer captura-la, se mostra eficiente. Franck é um ótimo personagem, seus métodos de tortura para conseguir as informações que necessita são super elaborados e fazem com que o leitor aprecie ainda mais a super espiã que é Flick. O antagonismo entre Flick e Franck é o grande trunfo do livro, é o que do meio para o final faz com que o leitor não queira colocar o livro de lado.
Sou fã do Follett, ele é o escritor que me fez, mais de uma vez, devorar mais de mil páginas em tempo recorde. Em “As Espiãs do Dia D” ele poderia ter feito um livro menor, a primeira metade não é muito envolvente, mas isso não faz do livro uma leitura ruim. Demora um pouco para pegar o ritmo, mas também quando pega vira um ótimo thriller de guerra. É um Follett mediano e um leitura boa, nada mais, nada menos.
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