Gillian Flynn me conquistou com “Garota Exemplar” e depois disso fiquei curiosa em ler seus outros livros. A idéia era ler “Objetos Cortantes” mas meu Kindle teve um momento de vontade própria e acabei mergulhando em “Dark Places” e foi uma ótima leitura.
Libby Day é uma sobrevivente de um massacre que vitimou sua família e pelo qual seu irmão mais velho, Ben, foi preso. Durante quase vinte e cinco anos ela viveu das doações que recebeu por ser uma menina de sete anos que vivenciou o inimaginável, mas agora o dinheiro está acabando e ela precisa encontrar uma nova fonte de renda. Libby faz parte do hall de personagens femininas criadas por Flynn que estão muito longe das heroínas certinhas e boas que vemos por ai. Libby só pensa em si e tem um toque de cleptomania. Um ótimo personagem para nos guiar nessa história repleta de personagens que vivem a margem da sociedade.
Como forma de conseguir dinheiro Libby se envolve com o Kill Club, um grupo de pessoas obcecadas por assassinatos que se reúnem para trocar teorias. Libby descobre que ninguém acredita na culpabilidade de seu irmão e, depois de uma certa resistência, começa a investigar o que realmente aconteceu naquela noite em 1985 quando sua mãe e duas irmãs foram assassinadas. Lembrar dos assassinatos é o tal Dark Place a que se refere o titulo do livro.
A estrutura do livro colabora com tornar a historia viciante. Temos três narradores: Ben, Libby e Patty, a mãe assassinada. Os capítulos de Patty e Ben refazem os passos dos dois no dia do assassinato e os de Libby mostram a investigação dela. Do meio para o final do livro é quase impossível larga-lo, acontece tanta coisa, tantas pistas são dadas que só o que se quer é saber o que aconteceu, como aconteceu, quem são os culpados ou o culpado. Flynn tem uma escrita extremamente envolvente, cria personagens que seriam desprezíveis mas que você não consegue deixar de lado, algo como pessoas que desaceleraram o carro quando passam por um acidente, é esse o espirito. Tudo é horrível mas não se consegue deixar de mergulhar nesse universo.
O grande problema do livro, assim como em “Garota Exemplar”, é o seu fechamento. Um livro tão bem construído merecia uma conclusão melhor. Não se preocupe que não contarei spoiler, só direi que as coisas se solucionam meio do nada e me deixaram com um certo gosto de decepção. O livro é uma ótima jornada com um final bem mais ou menos. Mesmo com esse final meia boca a jornada vale o investimento.
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