Resenhas

Fascismo à Brasileira

Fascismo é uma dessas palavras que voltaram ao vernáculo cotidiano há uns anos e que permanece. Como qualquer conceito que é usado nas redes como insulto muito pouca gente consegue definir em poucas palavras. Para mim foi o governo de Benito Mussolini na Itália, uma autocracia sanguinolenta, e um dos pilares do Eixo que foi derrotado pelos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Eu sei que meu conceito é pobre e por isso fui buscar o livro do Pedro Dória para saber mais e entender como o fascismo chegou ao Brasil e virou uma força com o Integralismo.

“Fascismo à Brasileira” conta não apenas a formação do movimento Integralista, sua trajetória, a formação de Plínio Salgado, o líder, mas também como o fascismo italiano foi formado e chegou ao poder. É uma pequena aula de história sobre essa corrente política de poder.

Os anos de Getúlio Vargas no poder são a gênesis do que que vivemos hoje. É o começo da nossa história republicana sem a égide do Império Português. É repleta de rupturas em um momento em que o mundo vivia um momento turbulento e de grande transformação. É essa paisagem que abriga a criação do Integralismo e seu fortalecimento.

É assustador como o Integralismo e suas camisas verdes, seus Anauês e sua visão estreita do mundo foram ganhando adeptos e não chegaram ao poder por uma mistura de falta de decisão de Plinio Salgado somado a uma desorganização. É irônico pensar que um movimento que fazia demonstrações militares e organizadas tenha sucumbido por falta de dessas características que os definiam. É verdade também que Vargas usou a política para os neutralizar, mas no final das contas Integralistas chegaram armados às portas do Palácio Laranjeiras onde Getúlio e sua família estavam.

Pedro não se limita a falar do ontem, ele pega todos os conceitos e o histórico de como o fascismo se apresentou no Brasil para falar sobre o governo Bolsonaro e porque a palavra fascismo fez essa volta aos debates políticos. Ele mostra que há discrepâncias nas definições de fascismo mesmo entre os estudiosos do assunto. Lá no ultimo capitulo Pedro diz que o historiador Robert Paxton define os fascismos pelo os moviam e não pelas ideias e diz  “o fascismo acredita que a sociedade está em declínio, que ele se enxerga humilhado, que se percebe como vitima do sistema. Que aí contra-ataca com nacionalismo, que arma seus militantes, cultua unidade e exige fidelidade. Que se relaciona com as elites tradicionais, mas há desconforto nesse relacionamento. Respira violência. No momento que tem força suficiente para tal, atropela restrições éticas ou legais”. É, essa definição explica bem mais o porquê da palavra ter voltado aos posts. É uma leitura importante, olhar a passado é essencial para se entender o presente e o Brasil é o mestre de tentar esconder o seu ontem. Um spoiler, se é que se pode falar em spoiler quando se escreve sobre fatos históricos, mas há um momento do livro que reconta uma certa batalha campal que foi essencial para o começo do fim dos Integralistas, um momento em que seus opositores colocaram as diferenças de lado e se uniram contra um mal maior.

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