Resenhas

Garotos Corvos

Quatro meninos. Uma menina. Sonhos. Corvos. Morte. Imortalidade. Ficou curioso? E eu nem comecei.

Os-Garotos-Corvos-CAPAAmo o poema de Edgar Allan Poe “O Corvo”. Gosto tanto de filmes e livros e histórias macabrinhas que tenho um pequeno corvo tatuado no ombro esquerdo. E preciso confessar que, em 2012, eu me apaixonei não por um, mas por quatro Garotos Corvos.

Conheci Maggie Stiefvater ao ler “Calafrio”, livro que tinha tudo para ser incrível, mas que me traiu ao mudar a essência da protagonista em um virar de páginas. Ela era inocente e um pouco estranha e, ao virar uma página, BOOM! ATITUDE! Do nada! Tudo bem que tem a questão eu-sou-apaixonada-por-um-lobo-que-me-salvou-quando-eu-ia-ser-devorada-por-outros-lobos e tal. Mas não me convenceu, embora as últimas dez páginas sejam absurdamente incríveis. Não dei continuidade a série.

Aí chegou até mim, assim que foi lançado nos EUA, “Os Garotos Corvos”, ainda sem tradução por aqui. Li no Kindle toda feliz, achando que era um livro só. Quando cheguei à 80% do livro e vi que os conflitos não se resolviam, comecei a me desesperar. Os 95% foi quase um enfarto e aí descobri que seriam quatro livros. E que o que acabara de ler tinha acabado de ser lançado. Ou seja: NNNNNOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!

Passado o desespero, vamos à história.

A história me cativou de cara: nossa protagonista – Blue – é uma menina que vem de uma linhagem de videntes e que não tem qualquer poder similar ao de sua mãe e tias. Mas pode ampliar os dons dos outros estando no mesmo lugar que eles.

“Você é a mesa que todos querem no Starbucks. A que fica perto da tomada” diz um dos meninos para Blue, descrevendo-a com perfeição.

Em uma noite específica na história, Blue e sua mãe vão até uma igreja abandonada, pois lá vão passar os espíritos de todos que morrerão naquele ano. Blue não vê nada, mas sua mãe anota todos os nomes para tentar ajudá-los. Nada de avisar aos futuros defuntos que sua hora está próxima ou interferir com os planos da Morte. Na na ni na não! Mas o que a mãe de Blue tenta fazer é informar o máximo para que eles possam deixar os negócios em dia para partir com tranquilidade sem desconfiar que o seu tempo nesse plano está acabando. E nessa hora Blue vê um menino com o uniforme do colégio interno da região, que tem um corvo no emblema. Ela tenta ajudá-lo e pergunta o nome dele. Gansey. Um dos nossos meninos corvos.

É assim que Blue chama os meninos que estudam no internato Aglionby. Garotos Corvos. Blue é garçonete na lanchonete local e tenta ao máximo ficar na sua e não se meter com os meninos “riquinhos” que estudam nessa escola. Mas o destino pensou diferente quando colocou Gansey em seu caminho.

Ah, detalhe: Blue tem uma “profecia”. Ela não pode se apaixonar por ninguém, pois está escrito nas estrelas (ou nas cartas, ou nos búzios, ou nas folhas de chá) que ao beijar o seu verdadeiro amor, ela o matará. Shooooooow para uma adolescente, né?

Aposto que você está balançando a cabeça e pensando “Pronto. Agora a Blue vai se apaixonar por Gansey, o amor é proibido e acabou o livro”. Né? Admite! Bem, você está ERRADA!

Bem, quase.

Claro que rola um clima, mas é outro dos meninos que se apaixona por Blue. Mas o livro é muito mais do que isso. Blue é uma protagonista sensacional e a sua família são responsáveis por cenas excelentes. A jovem passa a integrar o grupo dos meninos como sendo um deles e, ao mesmo tempo, como sendo ela mesma. Juro que vai fazer sentido quando você ler!

Blue não estraga a química dos meninos porque eles também são personagens muito bem construídos. E Gansey é muito além de um rapaz riquinho que não sabe que está para morrer. E Ronan – um dos seus melhores amigos – é muito mais do que um bad boy com problemas familiares. Muito mais meeeeeeeesmo (tanto que o segundo livro é dedicado a ele). E a complexidade de Adam vai muito além do seu olhar triste e sua condição social. E Noah …. bem, acho melhor você ler o livro.

“Os Garotos Corvos” é um romance jovem adulto porque seus personagens são jovens e, sim, tem romance. Mas ele é muito além (notou como essa coisa de “muito além” é um tema aqui?). O livro é o primeiro de uma quadrilogia que mistura misticismo, lendas antigas, busca por poder, por amizade, por pertencer e muito mais. E sem aquele “mimimi ele não me ama”.

Sonhos são elementos muito importantes nessa série literária e acho que é uma característica chave da escrita de Maggie e que tem tudo a ver com essa série. Todos os dois livros já lançados (o segundo – “Ladrão de Sonhos”, que é MARAVILHOSO! – chega por aqui ainda esse ano e o terceiro sai nos EUA também em 2014) começam e terminam de forma um tanto quanto fragmentada, como se fosse um sonho. São pedaços, imagens, momentos que leitores podem não entender ou perder se lerem sem atenção. Ao ler, me pareceu com a experiência de tentar lembrar de um sonho. Adoro quando a forma da narrativa adiciona à história!

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3 thoughts on “Garotos Corvos
  1. Eu tenho esse livro! Ganhek de presente do meu marido mas apesar de estar na fila, a vez dele ainda não chegou. Mas depois de ler essa resenha, fiquei muito curiosa e derrepente acho que vou pular alguns livrinhos ou ler ele em paralelo com o atual que estou lendo!
    Parabéns! A resenha ficou ótima! ☺

  2. Estou tão louca pra ler esse livro. Faz tanto tempo que todo mundo fala tão bem dele. Preciso me apressar e comprar logo! Adorei a resenha, me deu ainda mais vontade de ler, e vou me apressar pra comprá-lo logo. Só li A corrida de escorpião dessa autora, gostei bem mais ou menos, mas estou com as expectativas altas para Garotos corvos.

  3. Ótimo post, li e super indico.
    História bem escrita os personagens também, e no começo ache que também foi “Pronto. Agora a Blue vai se apaixonar por Gansey, o amor é proibido e acabou o livro”. Mas a história nos surpreende nos cativa a escrita da Maggie conseguiu me prender completamente.
    Agora é esperar ansiosamente pelo segundo. 😀

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