Pedro Bandeira comemora 30 anos de A Droga da Obediência e se emociona
Este ano, o livro “A Droga da Obediência” completa 30 anos e seu autor, Pedro Bandeira, lança o sexto e último livro da série Os Karas, “A Droga da Amizade”. O livro traz os personagens mais velhos, relembrando suas aventuras na época de escola.
Mas o evento realizado na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, não foi apenas para os leitores comprarem o novo livro e pegarem autógrafo do autor. Não. Foi muito mais do que isso. Foi o momento de lembrar o que foi que nos fez começar a ler, ainda na escola; o que foi que nos motivou a virar a página e até a nos fazer começar a querer escrever. Foi o momento que o “Seu Pedro” relembrou o que significa ser um Kara.
Segundo o livro, “Os Karas são o avesso dos coroas e o contrário dos caretas”, mas sabemos que é muito mais do que isso. Ser um Kara é questionar, é buscar informação para nunca se deixar ser passado para trás, é ter opinião, é ser leal aos amigos, é querer ser melhor e fazer o melhor. Ser um Kara é entender que juntos somos mais fortes e que podemos fazer a diferença ao buscar a verdade, a utilizar argumentos.
Há 30 anos, Pedro Bandeira lançava “A Droga da Obediência” como uma aventura juvenil passada em uma escola de São Paulo. Um grupo de cinco personagens – os Karas – (Miguel, Crânio, Magrí – a única menina – Calu e Chumbinho) descobrem que o sinistro Doutor Q.I. está aplicando a droga que dá título ao livro em estudantes das escolas de São Paulo como um teste para começar a controlar toda a humanidade. O livro não é apenas uma aventura juvenil, mas uma metáfora sobre a Ditadura Militar, época durante a qual Pedro Bandeira trabalhou como jornalista. Ele escreveu suas histórias como freelas e começou publicando em revistas. E foi esse espírito questionador que permeia o DNA dos Karas e que faz com que os leitores se identifiquem com eles.
Com a ternura e a experiência de um avô, mas com o espírito e a energia de um jovem amigo, Pedro Bandeira se emocionou ao ver novos leitores e muitos mais “antigos”, com filhos agora. Ele olhou para nós, seus olhinhos se encheram de lágrimas e falou, com a voz embargada: “Quando escrevo livros, eles não são mais meus, são de vocês. Aqui, com vocês, me sinto como se fosse o avô de todos. Foram 30 anos de trabalho e eu ainda acredito que o Brasil pode dar muito certo com pessoas informadas, com acesso ao conhecimento e podendo sempre fazer o melhor. Valeu a pena. Os Karas são vocês.”
Impossível não se emocionar. Pedro Bandeira é digno de todas as homenagens possíveis. Ele é um homem que conseguiu exercer a profissão de jornalista durante uma época de censura extrema e foi além, formando gerações de leitores. Agora cabe a nós levar a luta, o questionamento, adiante. Afinal, nós somos os Karas e não podemos desapontá-lo!
Lindo texto Frini! Sinto por não ter estado lá, mas lendo todas os comentários sobre ontem fico muito orgulhosa de ter um senhorzinho fofo e gentil com o “Senhor Pedro” em nosso país e em nossa literatura. Ele é o verdadeiro Kara! 🙂
**pula para não chorar**