King é Rei

O Concorrente

Decidi voltar com a coluna King é Rei no mês em que falamos sobre distopias, aqui no site, para comentar sobre um livro mais obscuro do Stephen King, de 1982, que ele publicou como Richard Bachman e que até inspirou um filme com Arnold Schwarzenegger: O Concorrente (The Running Man), republicado no Brasil pela Suma de Letras em 2014 e traduzido por Vera Ribeiro.

Muito antes de Katniss Everdeen ter que participar de um game mortal que era televisionado, King escreveu sobre um reality show ultra violento, em uma distopia que acontece em 2025, quando os EUA se tornaram uma nação totalitária, com um governo que controla todas as mídias. Nessa realidade, conhecemos Ben Richards, que mora na fictícia cidade Co-Op, está desempregado e tem uma filha muito doente que precisa tomar um remédio que ele não pode pagar. Richards decide participar do jogo mais mortal do canal de televisão Games Network, The Running Man. Nesse violento reality show, ele passa a ser um inimigo do Estado caçado por caçadores de recompensa e pela polícia. Ele pode fugir para qualquer lugar do mundo, se disfarçar, mas deve fazer vídeos para o programa, duas vezes ao dia, para informar que ainda está vivo. A cada hora que ele sobrevive, ganha 100 dólares e mais 100 para cada policial que matar. Se sobreviver por 30 dias, ganhará 1 bilhão de dólares. Richards sabe que é impossível chegar ao fim de 30 dias vivo, mas pretende passar o maior tempo possível vivo para poder arrecadar o suficiente para ajudar sua família.

Há uma enorme diferença entre os livros escritos por Stephen King e os livros escritos por seu pseudônimo, Richard Bachman. Enquanto King se preocupa com a narrativa, com os personagens e em descrever cenas com cuidado, Bachman é visceral. As histórias contadas por Bachman têm um outro ritmo, são mais violentas, seus personagens são de difícil empatia e seu texto é mais dinâmico. Bachman parece não querer se conectar com o leitor, apenas contar sua história. Por essa razão, O Concorrente é um livro de difícil digestão. A distopia que ele usa de fundo para sua história violenta, é uma crítica ácida e certeira ao mundo que vivemos atualmente. É até curioso ler um livro escrito em 1982 que ainda consegue ser atual em 2019. Mesmo sem nenhum traço de esperança ou otimismo, O Concorrente é um livro que poderia estar ao lado de grandes distopias já criadas, como 1984, Admirável Mundo Novo e O Conto da Aia, como crítica social.

O Concorrente não é um grande livro e nem de longe um dos melhores textos do King, mas é uma boa amostra do quanto o seu lado sombrio pode ser perverso e pessimista. O próprio King reconhece que ele era jovem, raivoso e muito energético quando o escreveu, em apenas uma semana, em um prefácio que foi adicionado à reedição de 1996. Esse é o quarto e último livro de King lançado sob o pseudônimo de Richard Bachman. Uma obra que deve agradar mais aos que já conhecem um pouco melhor o autor, por seu texto cru e recheado de uma violência não muito comum aos livros de King.

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