Sou dessas fãs que gasta dinheiro como ídolo mesmo não levando muita fé no trabalho lançado. Como já escrevi aqui sou uma chicólatra, dessas que tem todos os discos e quase todos os livros (Roda Viva é uma raridade que ainda não cruzou meu caminho), logo quando li que Chico Buarque estava para lançar um novo livro comprei na pré-venda. “O Irmão Alemão” é uma ficção com toques de realidade e é um livro que penei um pouco para engrenar, não é o melhor do Chico.
O ponto de partida do livro é a historia real de um filho que o historiador Sergio Buarque de Holanda, pai de Chico, teve na Alemanha na década de 1930 e que seus filhos brasileiros nunca conheceram. O protagonista do romance chama-se Francisco Hollander ou Ciccio que descobre no meio de um livro uma carta de uma antiga namorada do pai falando sobre o filho alemão. Ciccio passa a fantasiar sobre o parente e se dedica a procurar Sergio Hollander, o irmão alemão. Tudo isso tem como pano de fundo a ditadura militar no Brasil e a Segunda Guerra na Alemanha.
O livro é todo em primeira pessoa, a narrativa acompanha o fluxo de pensamento de Ciccio, não se limita a contar a historia, delira sobre acontecimentos, antecipa cenários. O texto é escrito como esse fluxo de pensamento, são poucos os parágrafos, a narrativa é continua e passa de uma situação para a outra com rapidez e isso é o melhor e o pior do livro. O pior porque nem sempre essa estrutura funciona e, em alguns momentos, fica maçante e confuso. O melhor porque quando funciona, e funciona melhor no terço final do livro, torna a história envolvente e não se sente as páginas.
Meu livro preferido de Chico continua sendo “Budapeste”, “O Irmão Alemão” é melhor do que o livro anterior, “Leite Derramado”, mas isso não é dizer muito. Talvez eu espere demais de Chico Buarque, suas músicas tem poesia tão rebuscada que sempre me encantou e sua prosa nunca conseguiu chegar perto disso. Não sei dizer ao certo, sei que continuarei comprando seus livros, não posso evitar, e ouvindo sua música.
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