Quase todo mundo conhece a história de amor entre Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, que acontece em 1831, recheada de desencontros entre os dois personagens e que culmina numa história de amor inesquecível. Um livro completamente “mulherzinha”, o que levou o editor da Quirk Books, Jason Rekulak, a pensar uma forma de torna-lo mais interessante para o público masculino. Para tal tarefa convocou o escritor Seth Grahame-Smith, que decidiu colocar zumbis e ninjas na história, o que Rekulak e Grahame-Smith não perceberam é que não estamos mais em 1831, que em 2009 (ano em que o livro foi lançado), muitas meninas adoravam, também, histórias com zumbis e ninjas. O que aconteceu aqui, é que Lizzie Bennet que já era uma mocinha incrível, por não se deixar dobrar pelas convenções da época, em Orgulho e Preconceito e Zumbis, ainda ganha treinamento Shaolin e uma katana. Sério que eles achavam que esse livro teria apelo só para meninos, sério? Mas vamos deixar Rekulak e Grahame-Smith de lado e vamos falar sobre o filme.
Para quem leu o livro, sabe que ele é basicamente toda a história do original com zumbis e cenas de luta, além de diálogos beirando o nonsense por misturar zumbis e treinamento em artes marciais às preocupações das moças da sociedade, que precisavam ser prendadas e saber se defender. Tudo isso, já havia ganhado meu coração, mas ao ver a história ir para o cinema, a empolgação foi bem maior. O diretor Burr Sterr, também responsável pelo roteiro adaptado, percebeu que a história exatamente como era contada no livro não teria um apelo muito grande no cinema, então repensou alguns personagens e situações, aumentou o nonsense e pronto: conseguiu realizar um filme que chega a ser mais divertido que o livro.
Toda Inglaterra foi tomada pela peste, que transforma pessoas mortas em zumbis sedentos por cérebros. Por essa razão, algumas tradições foram modificadas para que todos se adaptassem à nova realidade. Moças de família agora, além de terem uma educação voltada para serem esposas perfeitas, também eram enviadas ao Japão, ou à China (como é o caso das irmãs Bennet), para serem treinadas. Afinal, o mundo foi tomado por zumbis mas a vida continua. Nesse cenário, a Sra. Bennet deseja mais do que tudo que suas cinco filhas se casem e muito bem. Quando descobre que um jovem rico se mudou para a propriedade perto da dela, percebe ali uma maneira de casar uma delas. Durante um baile que acontece no vilarejo próximo, sua filha mais velha se aproxima do jovem rapaz, ao mesmo tempo que Elizabeth conhece Mr. Darcy, um homem fechado, carrancudo que parece não se divertir. O baile é invadido por zumbis e as irmãs Bennet mostram todo o potencial de suas habilidades.
Pois é, esse é o tom do filme, que segue pela mesma estrada do livro até o terceiro ato, quando os dois se afastam e o filme toma um rumo bem mais surreal. E essa é a razão pela qual vale muito a pena ver a versão cinematográfica de Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies, EUA, 2016). A outra razão? O elenco. Que começa com a fofa e ótima Lily James, que já foi Cinderella na versão live action dirigida por Kenneth Branagh, Lily está perfeita como Elizabeth Bennet. Sam Riley, que já foi Ian Curtis e Jack Kerouak, agora é a versão mais sombria de Mr. Darcy (o que faz total sentido). Bella Heathcote é a doce Janne Bennet, Douglas Booth é o Mr Bingley e Jack Huston, de Boardwalk Empire, é o malvado Mr Wickham. Além desses nomes, o filme ganha a ajuda de Westeros, com Charles Dance (o Tywin Lannister) como Mr Bennet e Lena Headey (a Cersei Lannister) como uma Lady Catherine de Bourgh guerreira ninja com direito a tapa-olho. Há até um Doctor em Orgulho e Preconceito e Zumbis, Matt – Décimo Primeiro Doctor – Smith, está simplesmente hilário e perfeito como o chato e desengonçado Mr Collins. Na verdade, Smith rouba todas as cenas em que aparece.
Por todas essas razões e por conseguir elevar o nível de diversão que o livro propõe, que Orgulho e Preconceito e Zumbis é um filme deliciosamente divertido, com mocinhas lutando lindamente. E nessa parte, vale uma observação: ver Lizzie bater com vontade no Mr Darcy quando ele a pede em casamento, apesar de saber que ela não é merecedora dele, vale-o-filme-inteiro. Quem ama o livro original, sabe muito bem o que quero dizer. Por fim, acaba que esse é mais um filme recheado de girl power, apesar da intenção lá do senhor Rekulak.
Eis a primeira crítica positiva que leio, a respeito de “Orgulho e Preconceito e Zumbis”. Concordo plenamente com seus dizeres. É badass, girl power e divertido. Não supera a adaptação de 2005 (nem de longe), mas não creio que essa fosse a intenção.
Bjs
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