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Os 60 anos de Asterix e o reforço de Adrenalina

Por Rodolpho Sauret

Uma nova série cômica para a revista Pilote que fosse inspirada na cultura francesa. Era esse o desafio, dentre tantos outros que envolviam o lançamento do número zero da publicação, que enfrentavam René Goscinny e Albert Uderzo no início de 1959. Na varanda do apartamento de Uderzo, percorriam todos os períodos importantes da história da França até que, por Tutatis – o deus protetor das tribos celtas, redescobriram a Gália de seus tempos de escola e seu grande líder: Vercingetorix.

Para criar cenários e personagens, os amigos René e Albert encontraram graça nos sufixos e nos jogos de palavras. Os gauleses, por exemplo, teriam nomes com terminação similar à de seus reis. De dois símbolos tipográficos, o asterisco (*) e o obelisco (†), nasceriam os dois principais personagens. A força descomunal desses heróis viria da poção mágica preparada pelo druida da tribo, Panoramix. E, parte da mitologia da série, uma queda no caldeirão quando bebê justificaria a força permanente de Obelix, um devorador de javalis.

Desde a primeira aparição de Asterix em 29 de outubro de 1959, tanto para os para criadores quanto para os leitores, a diversão não terminou mais. Não bastava ter um bom roteiro, tinham que manter a ideia fixa de transformar os nomes em motivo para gargalhada.

O cãozinho se chamaria… Ideafix e, mais tarde, um agente duplo, o Zerozerosix, viria como a caricatura do Sean Connery. E se as gaulesas deveriam ter também um sufixo comum, por que não Angina, Naftalina e uma canção dos Beatles em Ielosubmarina? Já os inimigos romanos poderiam ter nomes comuns com sobrenomes sugestivos, como Claudius Lapsus.

Nem a morte prematura de Goscinny, depois de um ataque cardíaco em 1977, interrompeu a carreira de sucesso da dupla de gauleses. Na comemoração do trigésimo aniversário da série, os arredores de Lutécia, a Paris dos romanos, ganharam um parque de diversões. Para os festejos atuais, o lançamento do trigésimo oitavo álbum esteve cercado de mistérios que foram revelados aos poucos.

Com roteiro de Jean-Yves Ferri e desenhos de Didier Conrad, o novo título traz de volta o personagem histórico e uma protagonista adolescente. Fica aqui uma dúvida: Adrenalina, a filha de Vercingetorix, é apenas uma heroína temporária ou uma proposta de renovação gaulesa? Cabe aos fãs da série ajudar nessa decisão.

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