Se você, como eu, é uma frequentadora assídua de livraria com certeza já fez um amigo livreiro, aquele que te mostra não só os últimos lançamentos, mas também os livros que não tem tanta propaganda mas que você vai amar. Foi assim que Francisco Azevedo entrou no meu radar, seu “Arroz de Palma” caiu na minha mão e eu li de uma sentada, agora com ele voltando ao tema família resolvi voltar para as páginas de Azevedo, desta vez com “Os Novos Moradores”.
Duas casas geminadas na Gávea abrigam duas famílias muito distintas. Na casa de cá, Carlota, Zenóbio, Damiana e, nosso protagonista, Cosme, na casa de lá Pedro, Inês, Amanda e Estevão. Essas vidas vão se entrelaçar ao longo de três décadas. Numa casa uma família harmônica, na outra pessoas que não se falam, não se compreendem. É nesse emaranhado de relações que Azevedo vai tecer sua história.
Quando li “Arroz de Palma” o ritmo da narrativa me cansou um pouco, passados os anos, a forma quase poética de Azevedo narrar os acontecimentos me envolveu. Os dois primeiros terços do livro se aproveitam dessa narrativa para construir todo uma ambientação de vergonha, segredo e amor. A história se desenvolve vagarosamente e vai crescendo o drama com delicadeza. É encantador acompanhar os amores e desavenças narradas no ritmo típico de Azevedo.
O terço final do livro foge do todo, tudo começa a acontecer rápido, os conflitos são deixados de lado e tudo vai se acertando como que em um passe de mágica. É estranho, senti como se o livro tivesse que acabar logo e todos aqueles dramas que tornaram esses personagens envolventes não fossem mais levados em conta. Foi um final decepcionante, não pelo que acontece e sim como tudo e contado e acelerado. É um final mais ou menos para um livro que começa tão bem.
Mesmo tendo problemas com o terço final “Os Novos Moradores” é desses livros para recomendar. É Azevedo mostrando mais uma vez que entende desse negócio de falar sobre famílias.
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