Coluna

Quando as palavras não vêm

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Eu amo escrever tanto quanto eu amo ler. Desde pequena, quando comecei a ler, que amo livros e, mais ou menos, na mesma época, comecei a criar histórias na minha cabeça e a passa-las pro papel. No início da adolescência, transformava amigos em personagens e dava a eles aventuras incríveis, motivada tanto pelos livros que lia quanto pelos filmes que via. Ideias e ideias surgiam e viravam anotações que poderiam um dia ganhar vida como uma história completa.

Escolhi a faculdade levada por esse ímpeto de amor pela escrita: jornalismo. Então a ficção virou matérias e trabalhos que aprendi a amar também. Adorava pesquisar, ler, me informar para passar tudo isso pro papel através das minhas palavras. A internet me possibilitou a escrever mais ainda, em blogs e colaborando em sites. Tudo que eu sempre quis aconteceu, minha vida seria escrever, pra sempre.

O que eu não sabia é que nem sempre eu teria que escrever o que queria, sobre assuntos que me agradam ou apenas sentar no computador para criar minhas histórias. Sim, eu sei, tolinha que fui. Mas quem não sonha, não é mesmo? A vida adulta me pegou de surpresa e mostrou, que, às vezes, precisamos ter cuidado com o que desejamos. Uma vida escrevendo nem sempre é exatamente o que eu desejei, porque na maioria das vezes preciso aparar um pouco meu processo criativo para me fechar em uma caixa de temas, de briefings e desejos do cliente, bem longe daquele mundo livre que eu tanto gostava.

O que acontece é o perigo da acomodação, você se fecha num molde, ele é confortável, tranquilo, fácil. E fácil é a palavra mais perigosa aqui, porque escrever não deve ser confortável e fácil. Tem que ser desafiador, tem que ter paixão, tem que te tirar do comum e fazer achar que o céu é o limite.

Aí, você tá aí coçando a cabeça e pensando, “meu deus, o que levou essa louca a escrever tudo isso?”. Bem, a coluna de hoje, pra começar. Quando parei pra pensar em um tema, percebi que não conseguia pensar em nenhum, nada. E isso me provocou um pequeno desespero, porque foi nesse mesmo segundo que percebi, também, que ando com um bloqueio. Que me aconcheguei tão bem em minha caixa de textos prontos, de coisas fáceis e confortáveis, que a inspiração decidiu ir passear um pouquinho longe de mim. Então, essa é a minha declaração de libertação da comodidade. Decidi escrever sobre não ter o que escrever como uma forma de me rebelar ao meu atual estado de conformidade.

É isso, não importa o que você faça, o que te motiva é o que conta, corra atrás do que você ama e não conte com esse amor como certo. Ele precisa ser alimentado, motivado e que você volte a transformá-lo em paixão de novo. Agora, dá licença que vou ali atrás da minha inspiração antes que ela fuja pra sempre.

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