Filme

R.L. STINE e sua Rua do Medo

Na década de 1990, eu era uma jovem adolescente descobrindo o terror nas páginas. Cresci assistindo a todos os Freddys, Jasons, Michaels e tudo que me fizesse acreditar que tinha algo embaixo da minha cama ou no canto do armário (e, até hoje, não durmo com a porta do armário aberta). Sempre amei os monstros clássicos da Universal, antes mesmo de saber que eles vinham de lendas folclóricas ou de livros. Mas foi com Rua do Medo de R. L. Stine que, pela primeira vez, senti que tinha algo feito pra mim.

Quando assistia aos filmes citados acima, a galera morrendo ou chegando viva ao final era mais velha do que eu. Mas quando li “A babysitter” e “Número Errado” (tradução livre), eu tinha a idade das protagonistas. Isso não me dava medo, mas me fascinava. Era como se o que eu estava vivendo na época estivesse sendo validado por um autor. Não, não estava fugindo de algum psicopata ou monstro, mas estava lidando com amizades, com mudança de escola, hormônios, e tudo mais que também estão nessas páginas.

Foi por isso que, quando anunciaram a trilogia de filmes Rua do Medo na Netflix, eu quase chorei de felicidade. Além de ter os livros – que muitos consideram bobagem – adaptados para filmes, ganharíamos três deles e na Netflix! Se ao ler os livros me fez sentir validada, tê-los adaptados em um evento de trilogia mostra que não estava errada, nem eu e nem os milhões de leitores de Rua do Medo.

Liberados um a cada sexta-feira, por três semanas consecutivas, os filmes Rua do Medo 1994, Rua do Medo 1978 e Rua do Medo 1666 podem ser considerados como um grande filme contado em três partes. Os três abordam a história da maldição da cidade de Shadyside, vizinha de SunnyVale. Enquanto uma prospera, a outra lida com criminalidade e desemprego. No meio das duas, adolescentes descobrem sua sexualidade, lutam para ficar juntes e, claro, despertam a maldição de Sarah Fier (a pronúncia é Fear, medo em inglês) e, consequentemente, um bando de assassinos voltam do Além para tocar o terror.

As protagonistas Deena (Kiana Madeira) e Sam (Olivia Scott Welch) são de 1994, mas para conseguir desvendar o que realmente está acontecendo e salvar geral, elas precisam descobrir o que aconteceu em 1978 e como tudo começou, lá em 1666. Então, a cada filme, além de termos elementos das histórias escritas por Stine, também temos alusão ao acampamento Crystal Lake de “Sexta-feira 13”, a “Pânico” e a muitos outros filmes e histórias de terror que fizeram parte da formação cinematográfica de muitos de nós.

Mas acho que, além dessa nostalgia toda, o que a trilogia Rua do Medo faz muito bem é incluir temas atuais. A descoberta do sexo e por quem você sente atração sempre foi um tema explorado em vários filmes de terror, mas aqui ela também é celebrada. O amor vence todo e qualquer preconceito e – sem querer dar spoilers – isso foi abordado aqui de forma natural e atual. Amei!  

Sim, temos a questão da “final girl”, aquela última menina que sobra no final da matança e que é pura o suficiente para matar o monstro/psicopata/demonho. Em Rua do Medo, ela não é “pura” no sentido de falso moralismo que conhecemos. O que ela sente é puro, mas ela mete a porrada e se arrisca por quem ama. Respeito muito!

Se você ainda não viu a trilogia de filmes, recomendo muito maratonar os três juntinhos. Eles fazem sentido assim e foram feitos para serem vistos na sequência. A ideia da trilogia é uma imersão no passado, na época em que os livros de Stine realmente fizeram a diferença na vida de tantas pessoas, principalmente porque era no início da internet. Ainda era raro ter computador em casa e celular era coisa de filmes de sci-fi.

Ah, e se você curtiu Rua do Medo, mas queria algo menos gráfico para viciar seu irmãozinho ou aquela priminha maneira, R. L. Stine também escreveu a série Goosebumps, com mais de 60 volumes e mais de 350 milhões de livros vendidos até hoje, inclusive no Brasil. Além da série, em 2015, foi feito um filme com base em vários personagens de Stine (e até nele) chamado “Goosebumps: Monstros e Arrepios”. O filme recebeu uma sequência em 2018, “Goosebumps: Halloween Assombrado”. Ambos são beeeem menos gráficos do que Rua do Medo e é possível assistir com os pequenos sem… medo.

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