Resenhas

Troubled blood

JK Rowling foi cancelada repetidamente na internet nos últimos meses por suas posições sobre transgêneros. Não acredito em cancelamentos e, ao mesmo tempo, concordo com todas as críticas que a escritora recebeu. No meio da avalanche desaprovações Rowling, ou melhor, Robert Galbraith, seu pseudônimo, lançou um novo livro “Troubled Blood”, o quinto da série sobre o detetive particular Cormoran Strike.

Assim que o livro foi lançado uma crítica do jornal inglês Independent disse que o vilão do livro era alguém que se vestia de mulher e que a escritora deveria ser cancelada mais uma vez. A afirmação do texto do Independent é mentira. Sou a favor por JK pagar por todo o desserviço que as falas dela promovem, mas “Troubled Blood” não trata do tema e o texto do jornal queria só o que conseguiu mesmo: que as pessoas clicassem no link.

A série que tem a dupla Cormoran Strike e Robin Ellacott como protagonistas segue a longa tradição de livros policiais que existe na literatura inglesa. As tramas são intrincadas, os vilões cada vez mais inteligentes e as pistas não são dadas em sua completude, o que impede que o leitor descubra o assassino antes dos protagonistas. O caso em questão é a morte de uma médica há 40 anos. Isso mesmo Strike e Robin são contratados para desvendar um cold case.

A trama envolve uma médica que desapareceu e a suspeita de que um serial killer notório seria o culpado. O serial killer colocava uma peruca e uma capa para parecer uma mulher e assim abduzir suas vítimas. É dessa característica que o Independent fala na sua crítica. Nada disso é spoiler, tudo isso é contado logo no início do livro.

O livro é o que menos foca em um único caso de toda a série. Strike está famoso e a agência tem uma lista de espera de clientes. Muito do livro mostra como os protagonistas tentam equilibrar a vida pessoal, os muitos casos, os funcionários e, sim, a relação entre eles. Em todos os livros escritos por Robert Galbraith há um tema que JK usa como pano de fundo e que funciona quase como uma terapia coletiva para ela. O primeiro livro fala sobre fama, o segundo sobre mercado literário e agora é o sexismo.

Não vou falar aqui sobre o caso, ou melhor, os casos que perpassam o livro. Seria impossível sem dar spoilers. Vou falar sobre o que rodeia os casos. Robin e Strike continuam naquela dança, que JK sabe fazer bem, cheia de angst. Nesse livro o protagonismo do caso divide o espaço com o dia-a-dia da agência, a vida dos protagonistas e seus dramas.

Não é o melhor livro da série, mas é um ótimo policial.

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