Assim que terminei de ler o romance de estreia de Celeste Ng a primeira coisa que me veio a cabeça foi a frase de abertura de Anna Karenina ” Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira.” Partindo do desaparecimento de Lydia Lee mergulhamos na vida da família e toda a sua infelicidade.
O livro se passa no final dos anos de 1970 no interior dos EUA e o desaparecimento de Lydia é a razão para mergulharmos na vida de James e Marilyn, pais de adolescente, e em toda a dinâmica da família. Esse não é um livro policial, é muito mais um drama familiar. Fala sobre aceitação, sobre pertencer a algum lugar, sobre querer se destacar e todos as meias verdades que contamos a nós mesmos.
James Lee é filho de imigrantes chineses e sempre quis passar despercebido, sempre quis ser apenas mais um ao invés de se destacar. Marilyn sempre quis exatamente o oposto, queria se destacar, ser a estrela, estudar medicina em um universo onde mulheres não faziam isso. Os dois se apaixonam e tem três filhos. Lydia é a filha do meio, a filha que Marilyn quer que se destaque e não importa se é isso que a filha quer. Lydia só consegue suportar toda a pressão com a ajuda do irmão, Nathan. Hannah a filha mais nova é praticamente esquecida pelos pais.
É na história dessa família infeliz e complexa que mergulhamos. A solução sobre o desaparecimento de Lydia é o que menos importa no livro, é a evolução dos personagens, a composição deles que vão encantando o leitor. É desses livros que precisam ser digeridos depois de lidos, talvez por isso não tenha mergulhado no segundo livro de Ng logo de cara.
“Tudo o que nunca contei” será adaptado para o cinema e Marilyn deve ser vivida por Julia Roberts, é esperar e torcer para uma boa adaptação.
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