“Uma Real Leitora”(Editora Record, 2008, tradução: José Rubens Siqueira) é um dos motivos do porque amo ir a livrarias e conversar com livreiros. Estava na Timbre, livraria no Rio de Janeiro que tem lugar especial no meu coração, fazendo minha compra básica de livros mensais quando a Rosana me colocou esse livro nas mãos e disse “esse você tem que levar”. Ela estava certíssima, as pouco mais de cem páginas são encantadoras e merecem ser degustadas. Nunca teria escolhido esse livro se não fosse uma frequentadora assídua de livrarias e amiga de livreiros. O enredo é bem simples: a Rainha Elizabeth II pega um livro emprestado em uma biblioteca ambulante e isso desencadeia uma amor tardio pelos livros.
Alan Bennett, roteirista de “As Loucuras do Rei George”, constrói um retrato da Rainha que se parece bastante com o feito no filme “A Rainha”, é um retrato da intimidade, das tomadas de decisão. Aqui o amor pela leitura começa a mudar os hábitos e, de certa forma, atrapalhar o cerimonial. O sentimento da Rainha pelos livros é o mesmo que qualquer amante da leitura tem, ela fica entediada em eventos, só quer voltar para casa e ler mais um capitulo, quer conversar com todo mundo sobre o que está lendo, a primeira pergunta que faz ao conhecer alguém é “o que você está lendo?”, adora dar de presente a parentes e empregados os livros que mais gostou. Ela faz tudo o que um viciado em leitura faz, mas a questão aqui é que ela é a Rainha e isso causa alguns problemas. Um dos momentos mais deliciosos do livro é quando a Rainha reúne em um chá seus escritores preferidos, sonho de qualquer leitor.
A observações da Rainha sobre a leitura e as transformações que essa faz em seu modo de ver o mundo são incríveis. Gosto particularmente de “Leitura era, entre outras coisas, um músculo e um músculo que aparentemente era preciso exercitar”, e é isso mesmo, quanto mais se lê, mais se quer ler e mais simples é ler diferentes gêneros e autores. Esse é um livro sobre o poder da leitura e, talvez, por isso tenha me encantado tanto. Tudo o que a Rainha passa é tão familiar para mim que devorei as páginas em horas, poucas horas. Claro que com tanta leitura a Rainha começa também a escrever e suas observações sobre as pessoas, os livros e sua vida são um tempero a mais ao livro. É um desses casos que me faz lembrar a poética frase de Ana Maria Machado quando perguntada sobre porque começou a escrever “Li tanto que transbordei”. É mais ou menos esse o sentimento da Rainha e um sentimento que é compartilhado por muito leitores.
“Uma Real Leitora” é desses livros que agrada a todos, agrada mais aos leitores viciados, é verdade, encanta logo nas primeiras páginas. A mistura de uma figura pública não icônica quanto a Rainha Elizabeth II e um enredo simples sobre leitura deu em um ótimo livro. Para melhorar a leitura o final tem um gancho surpresa maravilhoso.
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