Tentando ferrenhamente fazer todo o desafio de leitura que lançamos para 2018, já li uma peça de teatro (Eles Não Usam Black-Tie) e agora estou contando “Criaturas e Criadores: Histórias Para Noites De Terror” como um livro de terror. Lançado em outubro de 2017, mês de dia das bruxas, o livro é composto por quatro releituras de clássicos do terror, cada um escrito por um autor diferente. Raphael Draccon repensa Frankenstein, Carolina Munhóz Drácula, a nossa Frini Georgakopoulos O Fantasma da Ópera (claro!) e Raphael Montes O Médico e o Monstro.
Não sou das maiores fãs de releitura de histórias e ao mesmo tempo sou dessas que resiste até começar a ler e embarcar nas visões que são apresentadas. Em “Criaturas e Criadores” os quatro contos formam um todo regular. O primeiro texto é de Rafael Draccon e coloca o monstro de Vitor Frankenstein em um morro tomado pelo tráfico de drogas. O barato desse conto parece ser a carnificina criada pelo monstro, um homem cruel que tinha o apelido de Lobisomem. As cenas de morte não acrescentam a narrativa, apenas colocam carne e sangue nas páginas e fazem, o que eu considero a pior leitura do clássico de Mary Shelley, fazem da criatura uma representação do mal, o que não é no original. Vitor é o cientista louco e cego por suas ambições. Não é um conto que tenha me agradado muito.
O Vlad de Carolina Munhóz é tudo que conhecemos sobre Drácula mas dentro de uma roupagem mais moderna. A relação de Elizabeth e o Vlad está lá, a atmosfera gótica, os morcegos, as outras mulheres com pescoços mordidos e até Van Helsing. Não há nada de muito inovador nessa recontagem e o final (não se preocupe não vou dar spoiler) é meio apressado e com uma solução fácil. Tudo o que é narrado merecia ter sido mais desenvolvido.
O terceiro e maior conto é o da Frini e é uma reinterpretação de O Fantasma da Ópera. Uma jovem cantora, um mentor misterioso que a seduz, a sabotagem dos concorrentes. Tudo que fez de Fantasma um clássico está lá com uma modernizada bem interessante nos personagens e situações. O conto é um pouco longo e, talvez seja a minha verve de editora há sete anos dos textos da Frini, poderia ser um pouco mais enxuto, nada que comprometa o resultado. Dos quatro contos do livro é o mais redondinho deles.
O quarto e último conto é escrito por Raphael Montes e era um conto já existente que ele resolveu estender e isso transparece nas páginas. Montes é um ótimo contador de histórias e as cenas gráficas e violentas são bem melhor exploradas do que as do primeiro conto do livro. O problema aqui é que tem alguns elementos que não ficam bem encaixados no final, a ideia de que todos temos um lado bom e um ruim e que o ruim pode se apoderar de sua vida é ótimo e a reviravolta final surpreende, é verdade, só não faz muito sentido no contexto geral do conto.
No geral é uma boa leitura e algumas releituras interessantes, os contos ficam melhores se você conhece bem os clássicos em que eles foram baseados.
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