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Melhores do Ano

Começa a temporada de prêmiação dos melhores de 2018 na Ficção Científica e Fantasia. Fã de FC e F adora listas e prêmios, mas falando sério, as listas de indicados ajudam a gente a filtrar e navegar num gênero cada vez mais rico em bons autores novos.

Ganhadores do Nebula ano passado. Rebecca Roanhorse (1a à esquerda), Kelly Robson (2a à esquerda) e Martha Wells (de cabelo azul), concorrem novamente

O Nebula é escolhido pelos escritores membros da SFWA – Associação dos Escritores de Ficção Científica e Fantasia. Fãs não votam, ao contrário do Hugo, escolhido pelos participantes da Convenção Mundial, que este ano é em Dublin, na Irlanda. Nos romances, destaque pra The Calculating Stars, de Mary Robinette Kowal, uma história alternativa em que as mulheres comandaram o programa espacial americano. Mas a briga vai ser dura com alguns dos mais elogiados do ano: The Poppy War, uma fantasia histórica chinesa da estreante R.F. Kuang, e Blackfish City, de Sam J. Miller, em que uma cidade no Ártico é a última esperança depois de uma guerra causada pelas mudanças climáticas. Ainda tem Spinning Silver, de Naomi NovIk, ganhadora em 2016 com Enraizados (Rocco, trad. Cláudia Mello Belhassof)

P. Djèlí Clark

A disputa é acirrada também na categoria novela: as minhas favoritas Kelly Robson (Gods, Monsters and the Lucky Peach) e Aliette de Bodard (The Tea Master and the Detective) (veja aqui) contra a ganhadora do ano passado, Martha Wells (Artificial Condition), e ainda P. Djèlí Clark (The Black God’s Drums, uma aventura steampunk em Nova Orleans, com a magia dos Orixás). O escritor afro-americano-caribenho também tem um conto indicado aos dois prêmios, e vai merecer resenha aqui em breve.

Mary Robinette Kowal, uma das favoritas

Kowal e Novik também estão na lista do Hugo, assim como Rebecca Roanhorse, com Trail of Lightning, uma fantasia pós-apocalíptica baseada na mitologia do povo Navajo. Ano passado, Roanhorse levou os dois prêmios pelo brilhante conto “Welcome to Your Authentic Indian Experience™”, e ainda o prêmio John W. Campbell de melhor escritora nova. Teve o meu voto. Completam a lista o divertido Space Opera, de Catherynne M. Valente, em que a sobrevivência da raça humana depende do sucesso numa espécie de Festival Intergaláctico da Canção. Yoon Ha Lee tem a terceira indicação seguida por Revenant Gun, terceiro volume de uma trilogia, e Becky Chambers completa a lista com seu tocante Record of a Spaceborn Few. (resenha aqui)

O Hugo de 2018. A base do foguete muda a cada ano.

Na categoria novela, Robson, de Bodard, Wells e Djèli Clark batem ponto, junto com Seanan McGuire (Beneath the Sugar Sky) e Nnedi Okorafor (Binti: The Night Masquerade).

Listas completas aqui e aqui

Nos dois prêmios, como nos últimos anos, as mulheres continuam a dominar, e a diversidade e a representatividade também aumentaram. Também chama a atenção a ausência de contos publicados pelas três revistas mais antigas, Analog, The Magazine of Fantasy and Science Fiction, e Asimov’s. O site Tor.com e as revistas eletrônicas Uncanny, Lightspeed, Clarkesworld e Fireside agora estão na vanguarda. Todas fazem grande esforço para promover a diversidade, e merecem o sucesso.

O Prêmio Tiptree é uma tiara

O Prêmio Tiptree, também anunciado recentemente, não é tão badalado mas é dos mais interessantes. Criado em homenagem à escritora Alice Sheldon/James Tiptree Jr, ele destaca obras que contribuem para a discussão de gênero. Este ano o prêmio foi para o conto da mexicana Gabriela Damián Miravete, “Soñarán en el Jardín / They Will Dream in the Garden”, que pode ser lido online em espanhol ou em inglês .

É uma bela história em que as mentes de vítimas de feminicídio são preservadas virtualmente num parque no México. Foi escolhida pela abordagem das dimensões econômicas, sociais e raciais da violência contra as mulheres no México. E principalmente por mostrar o caminho para uma mudança para as próximas gerações através de ações coletivas, apoio mútuo e autodefesa. O prêmio também publica um lista de leituras recomendadas, que este ano inclui o “álbum visual” Dirty Computer, de Janelle Monáe, também indicado ao Hugo na categoria Apresentação Dramática.

Os ganhadores do Nebula vão ser anunciados dia 18/05. A premiação do Hugo é dia 18/08.


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