Quantos livros lidos no colégio foram leituras prazerosas? A minha lista é longa e tem um número um.
Ler sempre foi o passatempo preferido, mas foi só nos últimos anos de colégio que mudou de patamar na minha vida. Mudei de alguém que sempre tinha um livro para ler em casa para alguém que carrega livros na bolsa, tem um orçamento mensal para livros e, até, um site totalmente dedicado a livros. A mudança está diretamente ligada ao colégio.
No primeiro ano de aula de literatura no colégio tive um professor, Marco Antonio, que dava bônus por livros lidos fora do currículo. O aluno tinha que apresentar uma resenha de uma lauda falando sobre o título escolhido e valia mais se o livro escolhido fosse relacionado a matéria que estávamos estudando. Tive três anos de aula com Marco Antonio e a menor nota que tirei com ele foi 13,5. Isso mesmo eu tinha sempre quatro pontos a mais do que a nota máxima, lia o livro do currículo e mais dois que escolhia aleatoriamente por bimestre. Não preciso dizer que o que começou como uma forma de garantir uma boa nota no colégio se tornou um grande prazer. Virei alguém que lê, em média, um livro por semana.
Dos romances que li nesse período, todos eles limitados pelo tema que estudava, alguns permaneceram comigo, o principal deles é “Senhora” de José de Alencar. Ela não fazia parte do currículo escolar, a turma leu “O Guarani” do mesmo autor. Livro bem chatinho, por sinal. Li “Senhora” para garantir uma nota melhor e me apaixonei pelo amor de Aurélia e Seixas. A história é sensacional e tem uma protagonista feminina não muito comum para os romances desta época.
É um daqueles livros que não canso de indicar, já até converti integrantes da redação aqui do CdL. É um pouco difícil de convencer as pessoas a acreditar que vão gostar de José de Alencar. Quando falo o nome dele todo mundo lembra dos romances indianistas chatos como “Iracema” e “O Guarani”. Sei da importância desses romances, mas no colégio deveriam nos fazer gostar dos autores e não ter ojeriza a eles, os romances indianistas de Alencar são chatíssimos, ainda mais para adolescentes, já os seus romances urbanos são ótimos. Além de “Senhora” adorei ler “Lucíola” e “Diva”.
“Senhora” é um dos poucos livros que li nessa época que já reli algumas vezes. E a cada leitura gosto mais do romance, gosto mais de Aurélia e da redenção de Seixas. É sempre um ritual reler “Senhora”, minha edição é da década de 1940, e a primeira vez que li tive que abrir algumas páginas. Até tenho uma edição daquelas de colégio, mas não tem a mesma graça ler nela. Volta e meia busco nos sebos edições bonitas desse clássico brasileiro, mas parece que não temos bonitas edições dos clássicos nacionais, apenas aquelas funcionais para estudantes. Uma pena, adoraria ter uma edição de luxo de “Senhora”.
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