Sou uma leitora ávida como já falei aqui, leio dois livros ao mesmo tempo e nada faz a pilha de livros a serem lidos diminuir. Compro livros, ganho livros e ainda tem os clássicos, a pilha de não lidos é enorme e só cresce, um pouco angustiante. Mesmo tendo todo esse universo de histórias a descobrir volta e meia, na verdade toda vez que vou arrumar minhas estantes, vem aquela vontade louca de reler algo.
Releio muito pouco, um livro conquista meu coração em uma primeira leitura e pronto. Posso contar nos dedos os livros que reli e a experiência sempre foi ótima. Reler é um exercício que deveria praticar mais amiúde, quando li “Senhora” no colégio amei Aurélia e Seixas, me fez ler vários livros de José de Alencar, nem todos bons, e, mais do que tudo, recomendar a leitura para todos. Anos depois me deparei com uma edição de 1940 na estante de casa e resolvi reler, era já outra leitora e o romance foi lido de forma diferente, entendido diferente e a experiência só fez com que eu tivesse ainda mais certeza de que ele está entre os meus preferidos mesmo.
Agora estou terminando uma jornada em que emendei dois tijolões, “Pintassilgo” e suas 700 páginas e “A Eternidade por um Fio” e suas 1000 páginas. Já tinha um engatilhado para começar, mas olhei para as estantes e me deu uma vontade louca (ótimo livro que reli da Ana Maria Machado) de pegar “A Sombra do Vento” e reler. O livro de Záfon encabeça uma lista de livros que quero reler, uma lista que inclui os sete Harry Potters, a obra de Machado de Assis, “Agosto”.
A pilha imaginaria de livros para serem relidos não é das maiores, deve ter uns cinquenta livros, mas sempre fico adiando, tenho sempre aquela impressão de que mergulhar em um mundo já conhecido é me privar de conhecer um novo. O problema com esse pensamento é que quando se pega um livro para reler não se relê o mesmo livro. Um livro se completa com a presença do leitor e se o leitor não é o mesmo a leitura não é a mesma. Não fui a mesma leitora quando li aos 16 anos “Senhora” e depois quando reli mais de uma década depois. Ser outra leitora influencia na experiência e é isso que dá um medinho também. Imagina pegar um daqueles livros que você é apaixonada, que sempre fala pra todo mundo, que recomenda há anos e ao reler descobre que é péssimo, que perdeu o encanto. Tenho sempre essa apreensão de ao reler perder o gostinho que tive ao descobrir aquele livro, de perder o encanto.
Estou decidida a pegar “A Sombra do Vento” e reler. Vamos ver no que isso vai dar. Resenha aqui em um futuro próximo.