Filme

Cinderela Pop – o filme

Quando resenhei o conto que deu origem ao livro “Cinderela Pop”, mencionei que “a narrativa de Paula Pimenta é criativa e ingênua de uma forma refrescante” e o filme segue exatamente esse tom. Pra mim, mais do que detalhes da história, se a essência do livro está presente em sua adaptação cinematográfica, o resultado é positivo.

A convite da Galera Record (obrigada galera da Galera!), fui à pré-estreia de “Cinderela Pop” no Rio de Janeiro em 16 de fevereiro, com a presença do elenco, equipe e da própria Paula Pimenta, que levou sua filhota Mabel (a pequena Cinderela roubou todos os corações. Que bebê linda, gente! Mas voltemos ao filme!).

A história de Cintia, uma adolescente que sonha em ser DJ e acaba ganhando o apelido de DJ Cinderela (até porque também precisa estar em casa antes da meia-noite por ser menor de idade) apareceu primeiro no livro “O Livro das Princesas”, da Galera Record. O livro é uma coletânea de quatro autoras – Paula, Patrícia Barboza, Meg Cabot e Lauren Kate – que trouxeram para os dias atuais contos de fadas como Cinderela, Rapunzel, Bela e a Fera e Bela Adormecida. O conto da Paula se destacou e acabou se transformando em livro – “Cinderela Pop” –, o primeiro na sua série de princesas que já conta com “Princesa Adormecida” e “Princesa das Águas”, com mais títulos vindo por aí (todos pela Galera Record).

Na história, Cintia é uma jovem com seus 15/16 anos, focada em seus estudos e louca para tornar o seu sonho de ser DJ realidade. Mas como nem tudo é um final feliz para a moça, seu pai é ausente e sua madrasta é U Ó! Sua mãe é arqueóloga e está do outro lado do mundo, mas sua tia – melhor personagem do livro e do filme! – se transforma numa espécie de tia-madrinha durante a narrativa. O gatinho é cantor teen pop e o sapatinho de cristal é um All Star personalizado.

Ou seja, Paula adapta princesas como ninguém, porque não basta recontar a história que todos conhecemos, mas sim buscar elementos e pensar “como isso seria real e nos dias de hoje?”. E o trabalho dos roteiristas Bruno Garotti (que é diretor do filme e já dirigiu a adaptação do livro “Tudo por um pop star” da Thalita Rebouças), Flávia Lins e Silva, Marcelo Saback e da própria Paula Pimenta resultou em um filme redondinho, com atuações muito bacanas e uma narrativa leve, divertida e com pontos positivos para os responsáveis conversarem com a garotada depois da sessão, como: amor próprio, lealdade, ter um relacionamento transparente entre pais e filhos, acreditar nos jovens e ter princípios.

Deixa eu passar rapidinho nos pontos que valem destaque especial no filme:

Maisa é uma ótima Cintia/Cinderela. A menina não é nada melosa, mas sim focada nos estudos e no que quer da vida: estudar produção musical em Londres e virar DJ. Claro que Maisa ainda vai aprimorar sua arte e muito – até porque é muito jovem ainda -, mas já está bem longe de ser aquela pequenininha de cabelos cacheados e que parecia uma bonequinha. A boneca cresceu e está seguindo firme e forte numa jornada de empoderamento e talento. Se joga, mana!

Cintia tem uma melhor amiga chamada Laura, que é interpretada muito bem pela fofa Bárbara Maia. A trama de Laura ilustra bem o tema do amor próprio, que também é alinhado com o propósito de Belinha (que será uma das próximas princesas a ser abordada por Paula Pimenta. Sim, é Belinha de A Bela e a Fera!). No filme, Belinha (vivida pela linda Giovanna Grigio e que tem o melhor figurino!) se torna uma youtuber feminista famosa, mas no livro ela é uma blogueira muito da irritante. Adorei a adaptação dela e o crescimento da personagem!

As filhas da madrasta malvada – Graziele e Gisele – são interpretadas muito bem por Letícia Faria Pedro e Kiria Malheiros, respectivamente. Enquanto Graziele é uma víbora do início ao fim do filme (e faz isso muito bem. Queria virar fazendeira para plantar a mão na cara dela!), Gisele se redime no final, depois de sofrer muito bullying da mãe e da irmã. E esse é outro tema importante a ser debatido: não só o bullying familiar, mas a razão dele, que é o peso da menina (que não é gorda e isso é algo que poderia ter sido feito melhor, porque rolou um traço de gordofobia).


A sempre linda Fernanda Paes Leme é a pior madrasta que qualquer menina poderia ter! Claro que em um filme infanto-juvenil, o gestual do vilão é sempre mais exagerado do que necessário. Acho que é o jeito do adulto ter certeza de que os jovens vão entender que tudo que essa personagem disser e fizer é ruim. Acho que adultos têm medo de jovens não entenderem a sutileza. Vai, vamos deixa-los viajar nessa. Mas mesmo com esse traço diabólico além do necessário, Fernanda arrasa!

Mas quem leva o filme no colo é a pseudo-fada-madrinha, Tia Helena, interpretada por Elisa Pinheiro. As melhores tiradas são dessa personagem, que Elisa fez do jeitinho dela, com espontaneidade. Ficou SHOW!

Menção honrosa para Isabel Fillardis que é a diretora da escola de Cintia. Apareça mais vezes, Bel, porque estamos com saudade de você! E para o cameo da Paula Pimenta, que tem uma frase sensacional no filme! (não é spoiler, mas essa frase é basicamente o que todas as mães falam durante as enormes filas da Paula na Bienal do Livro!).

Marcelo Valle e Miriam Freeland que interpretam os pais de Cintia cumprem seus papéis sem qualquer problema e os rapazes do filme – Sérgio Malheiros, que interpreta o namorado da Tia Helena é MUITO MAIS interessante do que o príncipe-boy-band-meloso Freddy Prince, interpretado por Filipe Bragança. Mas tudo bem. Segue o baile que tamo virando abóbora!

Cinderela Pop é um filme que, assim como a escrita da Paula, trata de temas importantes, mas sem passar moral para adolescentes e crianças. Então, em 28 de fevereiro, corra para o cinema e leva a sua sobrinha/irmã/primo/filho/afilhada/etc para curtir “Cinderela Pop”. Aproveita e passa numa livraria na saída e usa a empolgação para garantir outros livros da Paula ou de outros autores que falem com essa galera. Filme sempre ajuda pessoas a se tornarem leitores. Veja, assista, e não esqueça o All Star na saída!

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