Coluna

Como se forma um leitor?

O título desse texto é uma provocação. Não faço a mais remota ideia de como se faz com que pessoas capazes de ler façam isso por gosto e não por obrigação. A escritora Ruth Rocha divide as pessoas em três grupos: o primeiro, uma minoria, nunca se tornará leitor, não importa o estimulo; o segundo, também uma minoria, se tornará leitor não importa o que aconteça; o terceiro, a grande maioria das pessoas, precisará ser estimulado para começar a ler. Não sei se Ruth Rocha, escritora que me formou como leitora, está certa. Essa é uma pergunta que só posso tentar responder com base unicamente na minha experiência.

Minha casa sempre teve livros, sempre vi meus pais e irmãos lendo. Acredito que o exemplo é sempre importante nesses casos. Uma das grandes lembranças que envolvem livros que tenho é estar na livraria Malasartes. Ficar mexendo nos livros daquelas estantes vermelhas, pegar o último da Ana Maria Machado ou da Ruth Rocha e sentar na mesinha que tem logo na entrada e começar a ler ali mesmo. Desde essa época já lia mais do que apenas o recomendado pelo colégio.

Não sei bem em que momento percebi que lia mais do que meus amigos e colegas de turma, em que momento vi que ler para mim era diversão e para a maioria a minha volta era obrigação. Tirando a minha revolta com “O Mulato”, sou traumatizada até hoje, li todos os livros indicados pelo colégio e curti, mais do que isso existia um estimulo de até dois pontos se o aluno entregasse resenha de mais dois livros por bimestre de autores que estivéssemos estudando. Me formei com uns oito pontos sobrando em literatura. É dessa época também que comecei a curtir a obra urbana de José de Alencar e recomendar um monte a leitura de “Senhora”.

O estimulo do colégio foi importante para me incentivar a ler além do que era obrigação? Certamente. Acho que esse trabalho extra foi fundamental na leitora que me tornei? Não. O que foi fundamental foi ter livros a mão, ter exemplos de pessoas lendo, foi frequentar livrarias desde cedo. Na adolescência fiquei meio órfã de livraria, tinham umas perto de casa em que eu sempre entrava. Na falecida Dazibao fiz boas aquisições e comecei a entender que era uma boa ouvir os livreiros.

Ser uma leitora me fez ser curiosa ou a curiosidade me levou aos livros? Não sei. Sei que quanto mais leio, mais troco ideias sobre livros novas portas se abrem, mais assuntos quero entender, ler sobre. É um ciclo virtuoso que há dez anos me fez criar esse espaço aqui para falar com mais leitores, falar mais sobre o que estou lendo, debater de peito aberto sobre qualquer coisa que estiver nas páginas.

Feliz dia do Leitor!

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