Por esses acasos da vida de leitora comecei a conhecer a obra de Celeste Ng por “Tudo o que Nunca Contei” e não por “Pequenos Incêndios por toda a parte” que é muito mais falado e famoso. Novamente Ng escreve sobre uma família, a dinâmica entre os irmãos, mas aqui o que importa mesmo são as mães e o que elas fazem com e pelos seus filhos.
O primeiro capitulo começa com um incêndio e desse momento em diante a história é construída para que o leitor entenda como tudo chegou até aquele momento. Até metade do livro a narrativa dá um leque de opções de para onde ela pode ir. Temos uma comunidade repleta de regras de Shaker Heights, uma família que aparenta ser perfeita, os Richardson, uma que causa estranheza, as Warren, e a dinâmica particular de quatro irmãos.
Por mais que o drama entre os irmãos Richardson e Pearl Warren ocupe boa parte do livro as protagonistas são Elena e Mia, as mães. É a forma como elas lidam com a maternidade e o que fazem por seus filhos que move a história. A obstinada Elena com sua polidez e aparência de perfeição é o contraponto perfeito para Mia e sua inconstância e aparente desorganização. Em uma primeira vista Elena tem a família ideal e Mia uma desmantelada. Com os embates entre elas vê-se que a situação é bem diferente e que ambas lutam pelos seus, mas Mia, sem a necessidade das amarras sociais, é mais bem-sucedida.
Cada livro é sempre algo novo, mas sempre acho interessante ler a obra de um autor em ordem e ver sua evolução, as constâncias em sua obra. Celeste Ng tem dois bons livros, mas seu primeiro, “Tudo o que nunca contei, é mais profundo e estruturado do que “Pequenos Incêndios por toda a parte”. Nenhum dos dois são leituras simples, há mais camadas do que uma leitura superficial te mostra, apenas as camadas do primeiro livro são mais numerosas e profundas.
Pequenos Incêndios está sendo adaptado para a Streaming e já está minha lista do que ver em 2020.
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