Resenhas

Greenwich Park

Um thriller psicológico, um livro de estreia, foi assim que “Greenwich Park” de Katherine Faulkner (tradução de Marina Vargas) veio parar na minha mão. É uma leitura boa e ao mesmo tempo é um livro que foi piorando quanto mais penso nele.

Helen está grávida e ao mesmo tempo lidando com uma grande obra em casa. Ela marca uma aula para grávidas perto de casa para ela e a cunhada que também espera o primeiro filho e daí em diante nada mais dá certo. Helen conhece Rachel, ficam amigas e a relação vai se transformando ao longo das páginas em algo estranho, incomodo até mesmo para o leitor. O enredo dá muitas voltas e o final é bastante claro uns dois ou três capítulos antes do final, mas esse não é o problema.

O livro é contado por três narradoras em primeira pessoa. Helen narra a maior parte dos acontecimentos e os problemas começam com sua obsessão por Serena, a cunhada. Essa relação que é um misto de adoração com raiva já me incomodava desde o começo da narrativa. Retratar as relações femininas dessa forma é antiquado e reforça estereótipos que muitas autoras deixam de lado construindo relações mais complexas e interessantes. Helen é o ponto comum que junta todas as três narradoras e é também o personagem que beira ao inacreditável. A relação dela com Rachel é bem difícil de acreditar mesmo se tratando de uma obra de ficção. Com aquela sequencia de acontecimentos ninguém, nem mesmo uma mulher tão insegura como Helen seguiria com aquela amizade.

Não tenho como falar o que faz com que esse livro tenha piorado depois de pensar nele sem dar spoiler. Então se você ainda não leu, pare aqui.

Vamos ao meu principal problema: a relação entre as personagens femininas. Helen é frágil, Rachel tem um objetivo, Serena é egoísta e Katie é a repórter investigativa. Até aí tudo bem. A relação entre elas é que é problemática, reforça a ideia de uma literatura misógina onde mulheres não podem e não tem amigas, tem rivais. Mulheres disputam tudo e não podem criar parcerias, amizades, alianças. Mulheres manipulam, estão sempre tramando para obter o que querem, manipulam até ou principalmente outras mulheres. Esse livro é baseado nisso, nessa visão tão presente em livros de outro século e é tão estranho encontrar tudo isso aqui escrito por uma mulher, uma jornalista investigativa. É reforçar e uma ideia que nem ajuda muito no suspense que ela quer construir.

O livro é bem estruturado, a reviravolta do final não pega ninguém de surpresa, mas seria uma leitura boa, interessante, um bom livro de estreia, mas ele envelhece mal cada vez que penso um pouco mais sobre ele.

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