Livros Resenhas

Daisy Jones & The Six

Taylor Jenkins Reid chamou minha atenção lendo “Carrie Soto está de volta” e quando vi que um de seus livros tinha sido adaptado pelo Prime Video resolvi ler antes de assistir, sempre que posso leio antes de assistir. “Daisy Jones & The Six” (tradução de Alexandre Boide) fala sobre a maior banda de todos os tempos que depois de um show se separou, sem nenhuma razão aparente, e nenhum dos integrantes nunca falou sobre o ocorrido.

Reid é bem boa em construir narrativas que olham para o passado dos personagens e aqui ela usa como estrutura entrevistas. O livro é como se fosse uma longa entrevista com cada um dos personagens envolvidos e todos eles vão contando suas memórias sobre os acontecimentos, mesmo que as lembranças sejam contraditórias. São pequenas falas, em primeira pessoa, de cada um dos personagens recontando cada detalhe da formação da banda e de sua trajetória. Cada um com sua voz e forma distintas. É um trabalho burilado com cuidado, feito para o leitor acreditar nas diferentes vozes, para que o leitor construa aqueles personagens mesmo sem que tenhamos nenhum narrador onipresente que nos situe, nos guie em meio a tantas vozes.

A recriação dos anos 1970 com toda a sua glória de sexo, drogas e rock’n’roll está lá descrita, não falta nem a guerra do Vietnã e o sorteio de jovens americanos para servir no exercito. Para tornar tudo ainda mais imersivo Reid escreveu todas as músicas que são citadas nas entrevistas e elas estão compiladas no final do livro. A experiência do leitor é de ler uma grande entrevista e querer ouvir o disco, a forma entrega exatamente o que é necessário.

Antes de tudo “Daisy Jones & The Six” é uma história de amor e essa história é construida aos poucos, cheia de idas e vindas, de desejo reprimido, de uma angustia pela impossibilidade da realização de tudo aquilo que nenhum dos dois que estar sentindo mas simplesmente não consegue reprimir. A história é óbvia, está na cara desde o primeiro momento que os dois vão se apaixonar, que a química é inevitável, mas não é isso que faz essa leitura boa e sim a construção que nos leva até ali e aqui Reid entrega tudo certinho, ajustado e no tom certo.

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