Em janeiro de 2020, naquele distante mundo sem pandemia, eu li “Metrópole à beira-mar” que fala sobre a pandemia de gripe espanhola e como a cidade do Rio de Janeiro sobreviveu a doença. Dentre os muitos personagens históricos Júlia Lopes de Almeida me chamou a atenção, principalmente porque nunca tinha lido absolutamente nada dela. Lá naquele longínquo janeiro de 2020 comprei alguns de seus livros e aí fui, como ela há um século, atropelada por uma pandemia. 12 meses depois consegui ler um dos seus trabalhos, “Livro das Donas e Donzelas”.
O livro é uma coletânea cronicas de Julia que falam sobre a sociedade brasileira daquela época com destaque para a situação da mulher nessa sociedade. A escritora era uma feminista e mostra isso em muitos dos seus textos onde vai criticando a forma com que as mulheres são tratadas e vistas. Há de tudo um pouco nos textos desde criticas aos modismos da época até a morte da Rainha Victoria passando por uma exposição de flores.
A leitura de crônicas fica um pouco datada e, volta e meia, tinha que me lembrar que estava lendo textos centenários e desculpar temas que são inaceitáveis nos dias de hoje como na crônica em que ela fala sobre as dificuldades das donas de casa em lidar com seus criados. O texto fazia sentido na época e é triste constatar que talvez ainda faça para algumas pessoas.
Tenho outros três livros de Júlia Lopes de Almeida na pilha de livros e espera chegar neles com alguma rapidez. Não foi uma leitura fácil e ao mesmo tempo é crucial que tenha lido. Tenho sempre uma certa vergonha de desconhecer a obra de nossos escritores e escritoras.
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