Sábado passado tivemos a cerimônia virtual de entrega do Prêmio Nebula, dado pela SFWA (Associação de Escritores de Ficção Científica e Fantasia da América) aos melhores de 2020. Numa safra de excelentes títulos, me surpreendeu um pouco a premiação de Network Effect, de Martha Wells, sobre um andróide de segurança que consegue se libertar do módulo de obediência e que vai às ultimas consequências para proteger seus clientes. Adorei, mas é puro entretenimento, e o Nebula costuma premiar obras mais cerebrais. Mas está em boas mãos, é um reconhecimento à excelente série The Murderbot Diaries, já premiada em 2018 com a novela All Systems Red.
P. Djèli Clark também ganhou o segundo Nebula, agora pela novela Ring Shout, em que um grupo de heróis negros tenta evitar que a Ku Klux Klan invoque uma entidade sobrenatural. Já falei algumas vezes desse autor, uma das revelações dos últimos anos, que frequentemente usa a fantasia para discutir o racismo ao longo da história americana.
Sarah Pinsker vai ter que arrumar lugar nra prateleira pro terceiro prêmio, pela arrepiante noveleta Two Truths and a Lie. Stella reencontra um amigo de infância e inventa uma memória falsa – só que ele se lembra da mentira dela – um programa infantil de tv de que várias crianças teriam participado décadas atrás. E aos poucos ela vai descobrindo a verdade sobre a mentirosa existência dela mesma.
E o “novato” da noite, John Wiswell, ganhou o de melhor conto por “Open House on Haunted Hill”, uma mistura de humor e terror. No discurso lembrou os anos e anos de rejeições desse conto como exemplo para que autores iniciantes nunca desistam diante das dificuldades.
A jamaicana Nalo Hopkinson entrou pra lista dos Grandes Mestres da SFWA, e teve ainda prêmios para melhor roteiro de game (Hades) e o prêmio Ray Bradbury de melhor apresentação dramática, para o episódio final de The Good Place.