Um professor arrogantemente provocante, uma aluna delicada e pura, um amor antigo e uma atração incontrolável. Vocês já podem imaginar no que isso vai dar…
As modinhas entre os best-sellers vem e vão. Na trilha de “50 tons de cinza”, a onda agora são os romances eróticos. Parece que diversas editoras resolveram aproveitar o embalo e a empolgação da mulherada com Sr. Grey para editar seus livros mais “quentes”. Vejam bem, eu não sou fã do gênero. Nunca li “Cinquenta tons de Cinza”. E por preconceitozinho bobo mesmo. Na minha cabeça era um livro sobre um homem e uma mulher que fazem sexo o tempo todo e que, além de tudo, o cara batia na mocinha, que, pro meu horror, gostava disso! Sim. Preconceito literário, eu tenho. Peço perdão desde já, estou tentando lidar com isso, mas ainda não encontrei um grupo de ajuda.
Enfim, tudo isso pra explicar que foi com um olhar já preconceituoso que comecei a ler “O inferno de Gabriel”, de Sylvain Reynard, lançamento da editora Arqueiro. Pra mim era “mais um 50 tons de Cinza” (Moças fãs do Sr. Grey, por favor, não me matem antes do fim da resenha). E meu preconceito só me fez achar que, no passar das primeiras páginas, estava lendo uma fanfic. Lembrei seriamente das fics Snape/Hermione que existiam na minha adolescência. Mas, ao fim da leitura, eu mudei um pouco de opinião. Sobre o livro, sobre o gênero, sobre minha visão tão obtusa a respeito de determinadas tramas. Ainda não curto homens que batem em mulheres, mas Gabriel Emerson mudou minha interpretação de algumas coisas.
Vamos lá, não sejamos hipócritas, o livro não é nenhuma oitava maravilha do mundo, e algumas partes parecem realmente uma fanfic, mas não posso negar que cheguei ao fim de suas mais de 500 páginas desejando fortemente um Professor Emerson pra mim. Por favor, né, o homem é um poço de inteligência (com mil diplomas pra provar), incrivelmente lindo (comparado várias vezes à perfeição de Apolo), absurdamente rico (se ele quiser, te compra uma casa só pra agradar, viu?), e tão doce e sensível que às vezes dá até raiva (Que homem se sentaria ao seu lado e escovaria os seus cabelos enquanto sussurra em seu ouvido palavras de amor?). E, é claro, como a narrativa cansa de insistir, é um Deus do sexo. Bitch, please. This man doesn’t exist. Mas isso não quer dizer que a gente não pode sonhar.
As histórias de amor que envolvem professores e alunas não são nenhuma novidade no mundo literário, e tampouco na vida real. Mas Professor Emerson e Srta. Mitchell vão um pouco além disso. Os dois tem passados muito conturbados, fantasmas no armário e traumas muito mal resolvidos que, obviamente, serão amenizados quando finalmente estiverem um nos braços do outro. Gabriel Emerson é o estereótipo do homem arrogante e estúpido, que trata as mulheres como objeto e passa por cima das pessoas, mas, na verdade, ele não é realmente isso, apenas alguém que se esconde atrás de uma máscara. Julianne Mitchell é o estereótipo da jovem moça recatada, frágil, casta e romântica, e, na verdade, não se iludam, ela é isso mesmo. Os dois tem uma história complicada, mesmo entre si, e não é nada simples alcançarem o relacionamento amoroso que ambos desejam. São Dante e Beatriz, num amor-romântico-platônico e na busca por auto descobrimento e salvação. É claro que Beatriz e Dante tiveram muitos problemas para terminarem juntos, mas Julia e Gabriel terão mais sorte e persistência.
Julia é pobre, Gabriel é rico. Julia é virgem, Gabriel é um devasso-pervertido. Julia é de vidro, Gabriel é aço. E, não podemos esquecer, Julia é estudante de mestrado, e Gabriel é seu professor-orientador (e isso é ilegal, minha gente!). Mas ambos guardaram um amor secreto um pelo outro por anos… Tão secreto que nem eles sabiam direito! Contra tudo e contra todos, óbvio que o cara gostosão fica com a menina fofinha. Aliás, o livro tem MUITAS coisas óbvias. E muitos altos e baixos (em resumo, o começo é bom, o meio é chato, o fim volta a ser bom). Mas também tem algumas surpresas pelo caminho e muitas referências culturais genialmente salpicadas pela trama, que vão desde a escancarada analogia ao amor de Dante e Beatriz, passando por Tolkien, e chegando até a Monty Phyton. Se você não conhece nada disso, não se preocupe, não vai deixar de entender nada. Mas se você conhece, a trama passa a ter um quê a mais de diversão.
Terminei “O inferno de Gabriel” pensando que é sim muito bom que as mulheres estejam buscando satisfação também nos livros. Porque essa é uma coisa que eles podem fazer por nós, nos transportar pra um mundo imaginário onde podemos admirar e acompanhar histórias que poucas vezes se repetem tão perfeitamente no mundo real. Onde você pode reencontrar um amor de adolescência pelo qual esperou toda vida e que ele seja tudo ou mais do que você imaginava, e que o fim seja uma promessa de “viveram felizes para sempre”. Se você está procurando apenas sexo, aposte em outro livro. A trama tem muitos pontos calientes, mas nada que vá fazer você subir pelas paredes todo o tempo. Se você procura sexo selvagem ou com violência, desista. Gabriel se chateia até quando Julia morde os lábios, num movimento involuntário, porque, para ele, sua carne nunca deveria ser maculada de forma alguma. Como dizem as fãs de 50 tons, está mais para um “amor baunilha”.
Agora, se você procura um personagem adoravelmente problemático, que pode até ser chato e repetitivo algumas vezes, mas que em muitas outras vai fazer seu coração derreter, Gabriel Emerson “ficará feliz em ser o primeiro”.
Ah, não podia me esquecer, “O inferno de Gabriel”, da editora Arqueiro, é o primeiro de uma trilogia. Então parece que tanto o amor, quanto os problemas do casal, não param por aí…
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