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Prêmio Nebula 2023

Foi dada a largada na temporada de premiações da Ficção Científica e Fantasia deste ano, pros melhores de 2022. Fã de FC adora um prêmio, e o Nebula é um dos principais. Quem vota são os escritores membros da SFWA, Associação de Escritores de Ficção Científica e Fantasia, que ano passado tirou o “da América” do nome para refletir uma maior internacionalização do gênero.

R. F. Kuang e seu Babel

Essa tendência está clara no grande ganhador da noite, Babel, de R. F. Kuang. Rebecca Kuang nasceu na China, cresceu nos Estados Unidos, e se formou em Oxford e Cambridge. Oxford é o cenário principal de Babel. Nessa história alternativa passada na Era Vitoriana, a universidade é sede de uma escola de magia estilo Harry Potter, com um sistema de magia baseado na linguística. Só que no universo de Kuang, o Império Britânico usa a magia roubada das colônias para perpetuar e fortalecer a exploração colonialista. Quando o protagonista, um promissor aluno de origem chinesa, descobre como o sistema funciona, sabe que algo precisa ser feito. É um livro poderoso, principalmente quando discute como o sistema colonialista justifica a opressão e manipula até os explorados para que participem da exploração. A série A Guerra da Papoula, também de Rebecca Kuang, já chegou por aqui, quem sabe teremos Babel em breve em português?

Dois grandes favoritos levaram os prêmios de Novela e Noveleta: Even Though I Knew the End, de C. L. Polk, uma mistura de fantasia urbana com mistério noir e romance; e If You Find Yourself Speaking to God, Address God with the Informal You, de John Chu, em que um rapaz se envolve romanticamente com outro que conhece na academia… e que ele desconfia que seja um super-herói.

Samantha Mills e o Nebula

Mas talvez o momento de maior impacto da noite tenha sido a premiação do Melhor Conto, Rabbit Test, de Samantha Mills. Emocionada, a autora explicou que escreveu o conto como uma reação à decisão da Suprema Côrte americana de anular o direito das mulheres ao aborto nos Estados Unidos. Nos agradecimentos, Samantha Mills disse que tem a esperança num futuro em que esse conto dela seja esquecido ou até visto como uma esquisitice ridícula, que prefere isso a ter o conto considerado uma obra-prima visionária de um futuro sombrio. Pode ser lido em inglês aqui, e aviso que é impactante. Está na minha lista de indicados ao Hugo, o outro grande prêmio da FC.

A lista completa dos vencedores está aqui.

Capa da revista Uncanny com o conto Rabbit Test

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