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Sobre ler menos traduções

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Além de escrever para um blog sobre literatura eu também sou leitora de blogs de literatura, blogs nacionais e internacionais. Nessas minhas leituras tenho visto uma crescente campanha nos blogs internacionais, principalmente americanos e ingleses, de se ler mais traduções, de se conhecer autores de outras línguas, de expandir os horizontes. Acho a campanha super valida para eles, não para nós. Acho que a nossa campanha deveria ser ler mais autores brasileiros, olhar mais para nós mesmos, entender mais sobre os que estão perto e não desviar os olhos com tanta frequência para um horizonte distante. Por isso, nesse texto, lanço a campanha vamos ler mais livros nacionais!

Uma passada rápida em qualquer livraria é possível ver que as estantes de destaques, aquelas na porta da loja, são repletos de titulo de autores estrangeiros. Os autores nacionais tem lá a sua estante, mas nem sempre estão ali no destaque. Passeando pelos blogs que tem resenhas sobre livros a situação é a mesma, são um mar de resenhas e dicas de livros estrangeiros, na sua maioria autores de língua inglesa, e um ou outro livro nacional. Não estou, de forma alguma, excluindo o Cheiro de Livro desse cenário, somos assim também.

Não tenho nenhuma explicação do porquê erguemos os olhos e olhamos para tão longe e somos incapazes de ver o que está aqui do nosso lado. Porque somos tão apaixonados pelos romances de Jane Austen e não por “Senhora“, de José de Alencar? será que fomos tão traumatizados na escola que perdemos a capacidade de ver quão bom são muitos dos nossos livros? Essa é só uma hipótese que estou levantando, não tenho a resposta.

A razão dessa nossa cegueira para a proximidade me intriga ainda mas pelas mesmas razões que fazem os blogs estrangeiros realizarem campanhas para se ler traduções. Eles argumentam que ao fazer isso os leitores aumentam a capacidade de compreensão do mundo, passam a ter uma janela para outra realidade. Concordo totalmente com essa analise, acho que essa é uma das maravilhas da leitura. O problema para mim é o que acontece se você não lê, ou lê pouco, autores nacionais? Será que a sua capacidade de compreensão da sua realidade não diminui? Será que ao ver tanto, pela janela, a realidade alheia isso não comprometa a sua analise do que está aqui ao nosso redor?

Leio muito mais traduções do que livros nacionais. Na verdade, me policio bastante para mesclar a nacionalidade das minhas leituras. Tento ter sempre um livro nacional no topo da pilha dos não lidos, tenho uma mistura de clássicos da literatura brasileira e novos autores. Foi assim que me apaixonei pelos livros do Daniel Galera e me reaproximei dos de Rubem Fonseca, por exemplo. Não é tão difícil assim achar um autor nacional que dialogue com você, que fale sobre temas que te interessam, nada que uma ida a uma livraria que tenho um bom livreiro não resolva.

Já passou da hora de valorizarmos os nossos autores, os nossos livros, de lermos mais sobre nós mesmos, de conhecermos e entendermos mais sobre a nossa história. Não estou dizendo para que se deixe de ler livros traduzidos, não me entenda mal, estou em campanha para que possamos ler tantos livros nacionais quanto os estrangeiros. Que Galera, Sphor, Fonseca, Machado, Lobato, Prata, Duvivier, Vianco, Rosa, Queiroz e tantos outros dividam espaço na nossa estante com com tantos autores estrangeiros.

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