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Worldcon – Parte II

A JORNADA COMEÇA

Olho a programação da 80ª Convenção Mundial de Ficção Científica, com mais de 1.400 eventos, e eu vivo um dilema: por onde começar, ao que assistir? A programação da Chicon8 é tão rica e variada, que em cada horário tem pelo menos uns dois painéis ou atividades de que eu participaria feliz. Começo eliminando painéis com participantes virtuais, e alguns que serão gravadas e a que poderei assistir depois. Dou preferência às sessões com palestrantes presentes, porque afinal de contas estou ali pela interação. Então começo com “O Futuro da Ficção Científica é Internacional”, sigo com “A Origem das Teorias de Conspiração”, passo por “The Expanse” (sobre a série da Amazon Prime), “Viagens no Tempo e Ficção Histórica”, ainda encaixo duas sessões de autógrafos, tudo antes da cerimônia de abertura.

Ao longo dos cinco dias, assisto a painéis com escritores como Joe Haldeman, Connie Willis, Seanan McGuire, Meg Elison, Charles Stross, Ruthanna Emrys, Nino Cipri, Sheree Renée Thomas, David Gerrold, Suzanne Palmer, S. B. Divya, Jo Walton, Sue Burke, sem falar nos convidados de honra, Tananarive Due e Steven Barnes. Assisto à gravação ao vivo do podcast Coode Street, de Gary K. Wolfe e Jonathan Strahan, sobre FC da África, com um convidado especial, Oghenechovwe Donald Ekpeki (mais sobre ele mais tarde).

Joe Haldeman e Connie Willis: juntos, 18 Prêmios Hugo

Uma das tradições da Worldcon é colecionar fitas que você vai colando na credencial. São de atividades de que você participa, stands que você visita, causas que você apoia. Começo com uma que diz “Minha Primeira Worldcon” e uma de “Eleitor do Hugo Award”, e vou juntando outras. Não consegui duas que queria: uma em apoio à Ucrânia, e outra pela restauração do aborto legal nos Estados Unidos. Acabaram muito rápido. 

Por incrível que pareça, tem até atividade física e externa. Não me arrisco nas aulas de Tai Chi do escritor Steven Barnes. Mas vou a um dos passeios com escritores pelas ruas de Chicago. Na verdade, nem vamos muito longe: eu e metade da convenção escolhemos o mesmo grupo, com o decano Joe Haldeman, autor do clássico Guerra Sem Fim. É muita gente em volta dele, e Haldeman anda numa cadeira motorizada. Então sigo mesmo a guia voluntária, que mostra o antigo prédio do jornal Chicago Tribune, hoje convertido em condomínio de luxo. A construção tem tijolos e pedras “roubados” de construções clássicas do mundo inteiro, incluindo a Muralha da China e uma pirâmide do Egito! A arrogância e a cara de pau despertam a fúria da nossa guia – que é uma egiptóloga…

Pedaço de pirâmide “colecionado” pelos donos de um prédio em Chicago

Entre um painel e outro, visito o salão dos vendedores, com muitos livros, artesanato, camisetas. Faço uma extravagância e compro uma primeira edição autografada de “Darker Than You Think”, fantasia urbana de Jack Williamson publicada em 1948. Esse foi baratinho; o mesmo stand tem livros autografados de Robert Heinlein por 5 mil dólares! “O Homem do Castelo Alto” assinado por Philip K. Dick sairia mais em conta: “apenas” 2 mil. Nem olhei o preço da primeira edição de “Fundação”, de Isaac Asimov. Fiquei até com medo de tocar…

Tem expositores variados; um stand da própria World Science Fiction Society tem vários prêmios Hugo de edições anteriores. No salão principal, a atração da sexta à noite é um grupo que faz um episódio improvisado de Jornada nas Estrelas ao vivo, hilário. No sábado é a vez do concurso de fantasias. No domingo, a premiação do Hugo (mais sobre isso em outro capítulo). Enfim, é tanta coisa que chego no último dia e nem tive tempo de passar pelas salas onde se joga RPGs…

No próximo capítulo: Contatos Imediatos

Episódio improvisado de Jornada nas Estrelas

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