O livro de estreia de Geovani Martins chegou fazendo barulho e eu, como boa bibliófila, fui logo conferir. “O Sol na Cabeça” com seus 13 contos merece todo a atenção que vem recebendo, é de fato um ótimo livro e ainda mais importante no momento em que estamos vivendo, principalmente, aqui no Rio de Janeiro.
Parafraseando o que diz Antonio Prata na orelha do livro um dia não precisaremos dizer que Geovani nasceu em Bangu e morou na Rocinha e no Vidigal mas aqui não é possível. Nos contos ele mostra pequenos retalhos do que é crescer e ser adolescente nas comunidades do Rio de Janeiro convivendo com traficantes, PMs e a abissal diferença de realidades que qualquer grande cidade brasileira tem.
O livro abre com “Rolezim” mostrando adolescentes indo a praia e todos os preconceitos que ser um negro de comunidade chegando em uma praia no coração da zona sul. Como são olhadas pelos brancos de classe média, pelos policias. É um bom conto para abrir o livro e mostra o seu cartão de visitas, mas os melhores contos estão nas páginas seguintes. “Espirral” mostra o racismo atávico que temos como sociedade e como isso afeta os jovens negros, como crescer sendo alvo de medo transforma alguém. Em “Sextou” ele mostra com mais clareza toda a raiva que a diferença social gera. Em tempos de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro é sempre bom ler “A história do Periquito e do Macaco” que mostra o outro lado das UPPs, o terror da policia nas comunidades e como não existe solução rápida ou simples.
O principal elemento que faz de “O Sol na Cabeça” importante é contar essas histórias, dessas pessoas, pelo ponto de vistas delas. Geovani consegue isso envolvendo o leitor em ótimas narrativas que tem aventura, suspense, humor, tudo que faz de um livro uma boa leitura.
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