As pessoas têm uma tendência de achar livros infantis bobos ou desimportante. Não faço parte desse grupo de pessoas, adoro ler qualquer livro, se ele tem ilustrações e letras grandes é indiferente para mim, o que importa mesmo é o que ele está dizendo e como a história ressoa para mim. “Alma Perdida” (tradução de Gabriel Borowski) da ganhadora do Nobel Olga Tokarczuk e da ilustradora Joanna Concejo é o livro infantil mais adulto que li nos últimos anos.
Olga e Joanna criaram um livro sobre a velocidade desenfreada da vida atual e como essa loucura que estar sempre conectado, recebendo estímulos por todos os lados, estar sempre acessível para tudo e para todos acaba nos deixando menos presentes, menos atentos, menos vivos. É um livro sobre a necessidade de parar, de darmos atenção exclusiva a uma coisa de cada vez para não perdermos a nossa alma.
“Alma Perdida” tem ilustrações deslumbrantes, um uso de cor que compõe da narrativa lindamente, cada página parece uma pintura em si. Passei bastante tempo admirando cada detalhe das páginas sem texto algum desacelerando minha vontade de saber o final da história e apreciando cada virada de página, sentido a experiência que é ter um livro na mão, de lê-lo com calma, é a expressão visual exata do que o texto está dizendo ao leitor.
“Alma Perdida” é um livro infantil que diz coisas diferentes para adultos e crianças, é daqueles livros que tem mensagens distintas cada vez que se lê, que cresce com você. Um livro para todas as idades.
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