Livros Resenhas

Nunca

Ken Follett s notabilizou por escrever romances de espionagem passados durante a segunda guerra e épicos que transpassam gerações. Ele sempre olha o passado, o revisita e assim vai construindo seus livros. Em “Nunca’ (tradução de Roberta Clapp e Bruno Fiuza) ele faz algo diferente, pega o conhecimento adquirido escrevendo a Trilogia do Século e a aplica para montar um cenário de presente e futuro um tanto quanto assustador.

“Nunca” é um livro sobre diplomacia antes de qualquer coisa. É uma trama travada mais em salas de inteligência, relatórios secretos do que sobre a vida de pessoas comuns que sobreviver aos acontecimentos. Os personagens principais são todos proeminentes agentes políticos ou de agências de inteligência. A trama se passa em três localidades principais: EUA, Chade e China. É sintomático que a Europa seja quase completamente ignorada em mais de 600 páginas, é um bom retrato da geopolítica atual: duas super potencias e o território de disputa.

O ponto principal de Follett é mostrar que podemos chegar a uma guerra nuclear mesmo que ninguém queira que isso aconteça. A presidente Green e o presidente Chen não tem o menor interesse em um conflito entre EUA e China e suas ações, todas razoáveis, vão levando a um escalonamento da tensão que ninguém quer. Ditadores começam a se sentir ameaçados, aliados agem de acordo com sua própria agenda e o mundo vai caminhando, com pequenos passos, para o desastre.

A parte do livro passada no Chade é interessante e daria um livro por si só. Agentes de inteligência trabalhando em países africanos, Tamara, Tab, Abdul e Kiah são ótimos personagens, com tramas interessantes que parecem não terem sido desenvolvidas apropriadamente. Fica tudo pelo caminho e a contribuição deles para a destruição total é limitada a primeira metade do livro. Os romances, em todos os núcleos, não são muito bem explorados e fornecem um pano de fundo meio deslocado do restante do livro.

No todo “Nunca” é u livro irregular, algumas tramas são deixadas de lado no meio do caminho, os debates diplomáticos vão ganhando mais destaque só depois do meio do livro e é só aí que a história engrena de verdade. Tudo o que é descrito é assustador pelo simples motivo de parecer bastante crível. O livro foi escrito antes da invasão da Ucrânia pela Rússia e mesmo assim há semelhanças inegáveis com o que estamos vivendo e isso pode sim levar a utilização de armas cada vez mais letais e consequências cada vez mais destruidoras para a humanidade.

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