Coluna

Começou a Copa

Eu bem que tentei escrever sobre literatura, livros, autores mas a fã de futebol que mora em mim me impede de fazer isso nesse momento. A torcedora em mim estava calma, colecionando o álbum da Copa – tradição que cumpro desde a 1990 – e acompanhando as notícias das seleções até que eu inventei de entrarmos no clima da Copa com livros que falem sobre futebol. O Eric escreveu sobre “Guerra & Futebol” e eu fui reler “À Sombra das Chuteiras Imortais“.  Reler as crônicas do Nelson despertaram o meu amor pelo futebol e pelas Copas e agora não consigo parar e escrever sobre outro tema.

Sempre me assombrou o fato de termos tão poucas obras de ficção boas que envolvam o esporte mais popular do planeta. “Febre de Bola” fala sobre um típico torcedor apaixonado, “O Drible” usa e bem o futebol como pano de fundo de uma boa história e acaba aí a minha lista de livros sobre futebol que li amei. Tirei dessa lista livros sobre o futebol como os dois já citados nessa coluna e o maravilhoso “O Negro no Futebol Brasileiro” do Mario Filho. Não consigo entender como um esporte tão cheio de drama, tão capaz de produzir surpresas e histórias fantásticas não consiga chegar as páginas com o mesmo impacto. É no mínimo curioso.

2018 no Brasil está com um mau humor que nem uma Copa do Mundo de Futebol parece capaz de quebrar. Não temos ruas enfeitadas, bandeiras nas janelas, pessoas combinando de assistir os jogos juntas, nem parece que a Copa começou. Para piorar, nossos símbolos nacionais ficaram associados a movimentos de centro direita que levaram ao impeachment a ex-presidente Dilma Rousseff e, no universo polarizado que estamos vivendo, uma pessoa com uma bandeira na mão não é mais claramente um torcedor, pode ser apenas um integrante do MBL ou um adepto do inconsequente movimento que pede a intervenção militar. Dá uma certa tristeza ver que parcela significativa da população passou a ter ressalvas com a nossa bandeira e as nossas cores por questões políticas. Eu sou da tese que deveríamos retomar esses símbolos e talvez a Copa possa nos dar essa oportunidade, quem sabe.

Nossas eleições presidenciais caírem em anos de Copa não é coincidência, um pouco de pão e circo sempre ajudam os que estão no poder e pretendem permanecer por lá. As eleições de 2018 são de suma importância e mesmo o meu amor pelo futebol não nubla a minha visão para o fato de que uma campanha curta pós euforia futebolística favorece máquinas partidárias, velhos caciques e quem detém o poder, ou seja, tudo que não quero que continue governando o Brasil pelos próximos 4 anos. Pararei para assistir os jogos, não apenas os do Brasil, e não deixarei de ler diariamente o noticiário de política/polícia, não são atitudes excludentes. Alias, lerei mais do que apenas os jornais, continuarei lendo muito nesses 30 dias de competição.

 

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