Quebrando o jejum de 6 anos, John Green (autor de A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel), finalmente publicou no ultimo dia 10 o super aguardado Tartarugas Até Lá Embaixo, seu quinto romance. O lançamento no Brasil pela Editora Intrínseca foi simultâneo ao americano.
O novo livro de Green é provavelmente o mais autobiográfico de sua carreira: conta a história de Aza Holmes, uma garota de 16 anos que, assim como o autor, sofre com Transtorno Obsessivo Compulsivo – o famoso TOC.
Atraídas pela promessa de uma recompensa de 100 mil dólares, Aza e sua melhor amiga Daisy decidem que vão desvendar o misterioso sumiço do bilionário Russell Pickett. Para isso, decidem se aproximar de Davis, filho do desaparecido e amigo de infância da protagonista.
Aza tenta o melhor que pode navegar as águas turbulentas da adolescência, conciliando as cobranças e expectativas da mãe, dos amigos e da escola – enquanto luta o tempo inteiro para não ser completamente sugada pela espiral de pensamentos invasivos que a atormentam.
Os personagens secundários e sua relação com Aza compõem um dos pontos fortes do livro. Daisy é uma personagem bem construída, que vai além do estereótipo melhor-amiga-da-mocinha. Ela escreve fanfics de Star Wars, não tem muitos escrúpulos quando se trata de dinheiro e consegue ser bastante irritante antes que a gente se apegue a ela. Davis é um rapaz sensível que, apesar de ter crescido rodeado de privilégios, convive com seus próprios conflitos internos: a morte prematura da mãe, o abandono do pai, a responsabilidade pelo irmão. A mãe de Aza é uma professora viúva que se esforça para entender e ajudar a filha sem sufoca-la.
Embora seus diálogos nem sempre soem como jovens reais falariam e às vezes haja um certo exagero de sua parte no uso de metáforas, John Green é magistral escrevendo YA porque consegue capturar com seriedade as angústias e alegrias da adolescência, sem idiotizar seus personagens nem trata-los de forma condescendente.
Dos livros de Green esse é definitivamente o meu preferido até agora. A abordagem delicada e realista da doença mental, sem romantismo ou soluções fáceis, foi o que me conquistou. É um livro maravilhoso não apenas por dar ao grande público uma oportunidade de conhecer melhor a experiência de quem convive com esse transtorno tão falado e pouco entendido, mas principalmente por trazer conforto e representatividade a milhões de jovens pelo mundo que convivem com a mesma angústia.
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