Coluna

Nossas realidades

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Em tempos tão polarizados quanto o nosso dá sempre vontade de pegar um livro sobre um universo distantes, um conto de fadas, uma aventura em terras imaginadas, qualquer coisa que nos tire, mesmo que só por algumas horas, dessa realidade. A tentação é grande, eu entendo, mas acredito que é hora, mais do que nunca, de nos dedicarmos a conhecer mais sobre a nossa história e não nos faltam livros para isso.

Você não gosta de livros de história? Acha que são chatos? Isso não é um problema. Temos ótimos romances históricos. Esse tipo de livro que mistura ficção com realidade estão entre os meus preferidos, já perdi a conta de quanto aprendi com livros assim. Em “Agosto”, obra prima de Rubem Fonseca, comecei a desvendar os últimos dias de Getúlio Vargas. O livro atiçou a minha curiosidade e me fez ler a ótima trilogia biográfica de Lira Neto sobre Vargas.

Um livro vai levando a outdois irmãosro e assim fui conhecendo nossa história. Não sei bem como começou a minha curiosidade sobre o período de ditadura militar, só sei que leio tudo que me cai na mão sobre o tema. Sejam romances como o “Drible“, que mistura futebol, história e política, ou “Tempos Extremos” de Miriam Leitão que mostra quanto essas feridas ainda estão abertas, seja a quadrilogia do Elio Gaspari sobre como a ditadura se instalou, se estabeleceu e morreu, ou mesmo relatos de quem lutou contra o regime, os meus preferidos são “Batismo de Sangue” e “Os Carbonários”.

Não é só de ditadura que devemos ler, devemos conhecer mais nossas realidades, no plural mesmo. Pode ser com “O Quinze” de Raquel de Queiroz falando sobre a seca, pode ser com “Gabriela Cravo de Canela” e seu retrato sobre o nordeste. O que mais me encanta são os livros de Milton Hatoum que falam sobre os imigrantes no norte, “Dois Irmãos” é maravilhoso.

Passamos tanto tempo lendo autores estrangeiros e esquecemos dos nossos, esquecemos de olhar para nós mesmos e esse afastamento é tudo que não pode acontecer se quisermos melhorar nossa realidade. Só é possível cobrar se se conhece o passado, se conhece a história. É com base nesses fundamentos que poderemos seguir em frente.

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