Filme Saiu das páginas Televisão

PassionFlix

Quando o assunto é “Cinquenta tons de cinza”, polêmica sempre está envolvida. Mas também tem outra palavra que segue a trilogia hot escrita por E. L. James: empoderamento. Eu nem gosto muito dessa palavra, mas acho que cabe aqui porque o que James fez por mulheres é muito importante. Sua trilogia – na página e no cinema – é de incrível sucesso, embora tenha seus defeitos de narrativa (resenhamos aqui no site e não, não somos fãs. Mas não podemos negar que têm seus méritos). O que James fez por mulheres não está só na criação de uma história sensual e polêmica, protagonizada por um bilionário lindo e com “gostos peculiares”. O que a autora fez foi tirar do cantinho da vergonha o interesse feminino por histórias picantes. Porque, gente, vamos abraçar o fato de que mulheres são seres sensuais, que gostam e merecem prazer. E histórias em que personagens masculinos reverenciam a mulherada são campeãs aos nossos olhos. Claro que o patriarcado vai dizer que é literatura de banca de jornal, que não presta, que é coisa de “mulherzinha”. Claro, claro, senta lá que ninguém tá pedindo a sua opinião, oh ser de masculinidade frágil. Com o sucesso de 50 tons, centenas de autoras que já escreviam livros nesse gênero literário passaram a ser mais publicadas, mais lidas e, consequentemente, a fazerem mais dinheiro. Ah, porque tem esse fato também: romances hot, de época ou aquele que também são chamados de “chic-lit” são escritos para mulheres, por mulheres e sobre mulheres. E fazem muito dinheiro. Ó meu Deus! Mulheres como protagonistas, descobrindo o prazer, sendo valorizadas e ainda por cima fazendo dinheiro? Nossa, patriarcado tá pistola!

Enfim, esse post é para falar da PassionFilx, um serviço de streaming focado em adaptar livros de romance para o audiovisual. E tudo isso começou quando os filmes de 50 Tons fizeram sucesso. Três mulheres se juntaram para criar esse serviço (que pode ser contratado aqui do Brasil por cerca de U$6 por mês), pois são leitoras do gênero e pensaram: “por que não temos um serviço com esse foco?”.

Assinei o PassionFlix basicamente porque lá estão a Parte 1 e Parte 2 de “O Inferno de Gabriel”, o primeiro livro de uma série (era trilogia, mas o quarto livro foi publicado lá fora agora) escrita por Sylvain Reynard. Sim, você leu corretamente, são três filmes (dois já estão no ar, mas o terceiro ainda não tem data de estreia) para adaptar um livro só. Porque é esse o foco da PassionFlix: trazer para a leitora de romance o que ela quer e não o que o mercado oferece. E sim, são coisas diferentes e é sobre isso que vou falar agora.

Só tive a experiência de assistir a esses dois filmes que, na verdade, são partes de um único longa (e coloca longa nisso). A diretora – e uma das fundadoras da PassionFlix –  Tosca Musk (sim, ela é irmã de Elon Musk) praticamente usou o livro como roteiro, levando as leitoras o que elas querem: uma adaptação mais fiel possível do livro que gostam. Mas o que fãs querem nem sempre é o melhor em termos de produto. Mas também é importante ressaltar que, embora sejam filmes, as produções da PassionFlix caem em outra esfera de produto audiovisual. Dito isso, os filmes têm problemas sérios de roteiros, cenas sem ritmo, takes longos demais, caracterização que muda da água para o vinho DO NADA! Mas importa? Não, porque, como disse, é um outro produto, além de os atores Giulio Berruti e Melanie Zanetti que interpretam Gabriel e Julienne respectivamente terem uma química excelente. E como sou uma leitora movida a angst, a tensão sexual entre os dois é catnip pra mim. E ajuda muito Giulio ser um italiano lindo de 1,90m.

A história de “O Inferno de Gabriel” é baseada no trope conhecido de amor proibido entre professor e aluna. Só que aqui, graças a Deus, as idades tornam o trope sobre ética e tensão e não sobre crime, já que se passa durante o que pode ser considerado uma pós-graduação e todos os envolvidos já passaram dos 20 anos. Então, como se trata de adultos vacinados que sabem o que estão fazendo, é possível aproveitar a dinâmica de poder entre os dois. Dito isso, ainda temos outro trope que é o gato e rato. Ou seja, os personagens têm química, sentem uma atração mútua, mas vivem discutindo, algo que acaba culminando em cenas de beijos que eu vi repetidas vezes, admito e não me arrependo.

E, claro, não pode faltar a razão para essa briga toda: Gabriel tem um passado complexo assim como Julia, sendo que ambos compartilharam um momento único seis anos antes, algo que marcou os dois para sempre. Só que ele não lembra e ela nunca esqueceu. Ah, e tudo isso tem o tempero e a metáfora da história de amor platônica entre Dante e Beatrice.

A premissa de “O Inferno de Gabriel” é excelente, pena que e execução deixa muito a desejar, tanto na página quanto na telona. Mas, mais uma vez, angst  = catnip e eu quero mais do filme. Sobre a parte 3, estão trabalhando na edição de som e trilha sonora agora e devem lançar antes de dezembro. E sim, já começaram a filmar o segundo livro da trilogia, mas pararam por causa do maldito Covid-19. Retornarão assim que for seguro para todo mundo. Se manda, Coronga! 

Os livros da trilogia O Inferno de Gabriel publicados pela editora Arqueiro estão esgotados em formato físico no Brasil, mas seguem disponíveis em e-book. Um aviso para leitores que curtem cenas de sapequice: o início de Gabriel não é tão hot como 50 Tons. Ele é mais sutil, mais sedutor do que pegador, tá? Conforme o relacionamento deles fica mais sério, aí a coisa fica mais quente. Mas no filme, até o momento, não temos cenas de nudez ou sexo. Mas tem muitas, mas muitas cenas de beijos que vão fazer seu coração bater mais rápido.

E, para terminar, um agradecimento especial a outra mulher maravilhosa: Stephenie Meyer. Porque sem Crepúsculo, não teríamos Cinquenta Tons de Cinza. Sim, pessoas, 50 Tons foi escrito primeiro como fanfiction de Crepúsculo e, depois, foi transformado em obra original. E a onda que foi iniciada pela transformação de 50 Tons também acabou ajudando Inferno de Gabriel. Eu acho sensacional como uma obra é capaz de inspirar tantas outras e como mulheres trabalhando juntas inspiram outras a suspirarem também. Avante, mulherada!

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